“Frankenstein” ucraniano improvisado junta partes de diferentes máquinas, incluindo mísseis de terra-ar (SAM). Sistema de defesa aérea já está na linha da frente da guerra. Zelenskyy apela aos EUA a manter ajuda “fundamental.”
Os novos — mas velhos — sistemas de defesa aérea da Ucrânia, apelidados de “FrankenSAM”, já estão operacionais na linha da frente de guerra, anunciou o Ministro das Indústrias Estratégicas num briefing do ministério.
Em referência ao monstro de Frankenstein, a nova arma é, na verdade, improvisada a partir de partes de armamentos ocidentais, combinados com equipamento soviético envelhecido, presente no arsenal da Ucrânia.
Enquanto o sistema de defesa aérea soviético BUK da Ucrânia está a ser emparelhado com mísseis RIM-7 Sea Sparrow dos EUA, de acordo com o New York Times, os mísseis AIM-9M Sidewinder norte-americanos são combinados com radares soviéticos.
O míssil de cruzeiro anti-navio Neptune também terá sido convertido numa arma terrestre e terá atingido e destruído, este verão, um sistema de mísseis russo S-400 Triumf na Crimeia no verão, segundo oficiais ucranianos citados pelo Business Insider.
A Ucrânia também reutilizou os sistemas de mísseis terra-ar soviéticos S-200, já “reformados”, para usar em ataques terrestres.
As armas híbridas são feitas com o apoio dos EUA e serão particularmente úteis na proteção de cidades e infraestruturas críticas, segundo o ministro Oleksandr Kamyshin, numa altura em que a ajuda militar é fundamental, avisou esta quinta-feira o líder ucraniano Volodymyr Zelenskyy.
Novo envelope de ajuda pode ser o último
O presidente ucraniano agradeceu aos EUA o novo apoio concedido e instou o aliado a manter esta ajuda “fundamental”, cuja continuidade é incerta.
Washington atribuiu quarta-feira a Kiev um envelope de 250 milhões de dólares (cerca de 225 milhões de euros), incluindo munições e sistemas de defesa aérea para responder aos ataques russos.
“Agradeço ao presidente Joe Biden, ao Congresso e ao povo norte-americano”, afirmou Zelensky na sua conta da rede social X (ex-Twitter), referindo que esta ajuda vai cobrir “as necessidades mais prementes da Ucrânia”.
Para o presidente ucraniano, a “liderança dos EUA na coligação de mais de 50 países que fornecem ajuda militar à Ucrânia é fundamental para combater o terrorismo e a agressão, não só na Ucrânia, mas em todo o mundo”.
A mensagem termina com a afirmação sobre a necessidade de “continuar a responder à agressão russa em curso da forma mais enérgica e determinada possível”.
Esta nova ajuda é a última parcela disponível enquanto não houver uma nova votação no Congresso norte-americano, onde uma minoria dentro do Partido Republicano se recusa a atribuir mais dinheiro.
A embaixadora norte-americana na Ucrânia, Bridget Brink, lembrou que “as necessidades financeiras para ajudar a Ucrânia a defender-se permanecem críticas e urgentes”.
“Só nos resta um envelope de ajuda” antes que os fundos dedicados à Ucrânia esgotem, sublinhou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano, John Kirby, responsável que se recusou a especificar o montante deste novo pacote.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.
ZAP // Lusa