Os cientistas acreditam que as alterações climáticas estão a dar um tom laranja aos rios no Alasca e a aumenta a acidez da água.
Cientistas do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) estão a investigar o enigma dos rios do Alasca que estão a ficar cada vez mais cor de laranja, um fenómeno particularmente notório na Região Ártica do Alasca, incluindo o Rio Kobuk.
Esta ‘ferrugem’ dos rios, que representa um complexo desafio para os investigadores, desencadeou um esforço colaborativo com o Serviço Nacional de Parques, Universidade da Califórnia-Davis, Universidade do Alasca-Anchorage e Universidade do Pacífico do Alasca para compreender as suas causas e impactos no ecossistema.
As equipas de pesquisa descobriram que estas vias aquáticas cor de laranja contêm concentrações mais elevadas de ferro, níveis mais baixos de oxigénio dissolvido e água mais ácida em comparação com rios claros próximos.
A Scientific American relata que o nível de pH em alguns rios menores caiu para 3.5, mais ácido do que sumo de laranja. Esta mudança significativa na química da água está a alterar a aparência e possivelmente a dinâmica ecológica destes rios.
Uma teoria principal por trás desta mudança de cor é o impacto das alterações climáticas, particularmente o aumento das temperaturas que leva ao degelo do permafrost. O Ártico, que está a aquecer quase quatro vezes mais rápido do que a média global, está a experienciar um degelo significativo do permafrost, libertando ferro anteriormente aprisionado nos solos congelados. Este influxo de ferro nos rios é um provável contribuinte para a mudança das suas tonalidades.
Outra hipótese aponta para a atividade bacteriana e processos geoquímicos complexos. À medida que o permafrost derrete, as bactérias podem começar a reduzir o ferro oxidado no solo. Quando este ferro é transportado para rios ricos em oxigénio, oxida novamente, resultando na cor laranja vibrante.
David Cooper, ecologista na Universidade Estadual do Colorado, destacou à Scientific American que o aumento das temperaturas reativou processos geoquímicos que estavam inativos há milénios devido aos solos anteriormente congelados.
Este fenómeno não é único no Alasca. Astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional observaram o Delta do Rio Betsiboka em Madagáscar a tornar-se vermelho devido ao sedimento rico em ferro.
Da mesma forma, as Cataratas de Sangue na Antártica Oriental, observadas pela primeira vez por exploradores europeus em 1911 e inicialmente pensadas ser coloridas por algas vermelhas, foram mais tarde, em 2023, encontradas para conter nanosferas ricas em ferro que oxidam para uma tonalidade vermelha.
O aumento da ocorrência de rios cor de ferrugem globalmente, incluindo as vias aquáticas cor de laranja do Alasca, destaca a interação complexa entre as alterações climáticas, processos geoquímicos e atividade microbiana.