Os donos de gatos que os alimentam em demasia correm o risco de, involuntariamente, causar danos aos seus amigos de quatro patas. Além de um aumento de peso, comer em excesso pode reduzir a digestão de nutrientes do gato e causar alterações na sua microbiota intestinal.
Uma equipa de investigadores da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, nos Estados Unidos, centraram a sua mais recente investigação no impacto do aumento de peso nos gatos.
“Queríamos compreender melhor as alterações metabólicas e gastrointestinais que ocorrem como resultado da alimentação excessiva e do aumento de peso”, explicou a cientista nutricional Kelly Swanson, citada pelo Science Alert.
A investigação envolveu a participação de 11 gatos “magros”, todos fêmeas adultas esterilizadas. Durante duas semanas, os animais foram alimentados com uma dieta nutricional equilibrada comercialmente disponível, enquanto a equipa efetuava várias medições e análises.
Posteriormente, durante as 18 semanas que se seguiram, os animais receberam o mesmo tipo de alimento, com uma única diferença: podiam comer tanto quanto quisessem e com a frequência que desejassem. Ao longo do período de análise, os investigadores recolheram amostras de fezes e de sangue e dados de atividade física.
Ao contrário do que esperavam, os cientistas não observaram qualquer alteração no nível de atividade, ainda que ressalvem que este fator pode variar consoante os gatos e o ambiente envolvente.
Já em relação à quantidade de comida ingerida, a equipa notou que, sem surpresa, aumentou, fazendo com que os animais tenham consequentemente ganhado peso. À medida que os gatos comiam mais e cresciam em massa, os seus níveis de gordura corporal aumentavam e a sua capacidade de digerir nutrientes diminuía.
“Quando o corpo recebe menos comida, será mais eficiente na extração de nutrientes. Mas quando a quantidade de alimentos aumenta, estes passam mais rapidamente pelo sistema digestivo e são extraídos menos nutrientes durante o processo“, explicou Swanson.
O aumento da ingestão de comida também levou os gatos a produzirem fezes mais ácidas, um sinal de que não está a ser digerida eficazmente.
“Nos seres humanos, um pH fecal baixo indica uma má absorção dos hidratos de carbono e da gordura. Os nossos resultados estão relacionados com este facto, uma vez que um pH fecal reduzido está associado a uma maior ingestão de alimentos e a uma digestibilidade reduzida”, fundamentou a investigadora.
Antes e depois das 18 semanas de alimentação livre, os cientistas descobriram diferenças nos tipos de micróbios que vivem nos intestinos dos gatos.
Além disso, o tempo de trânsito gastrointestinal (o tempo que decorre entre a ingestão de alimentos e a eliminação dos resíduos) diminuiu cerca de 25% à medida que os gatos ganhavam peso.
Compreender as alterações metabólicas e gastrointestinais que ocorrem com a obesidade dos gatos pode ajudar a preveni-la e a tratá-la.
A equipa da universidade norte-americana acredita que uma investigação mais aprofundada será capaz de analisar melhor a forma como as alterações do microbioma intestinal se relacionam com a saúde geral dos nossos amigos felinos.
O artigo científico foi publicado no Journal of Animal Science.