Foram divulgadas escutas da operação “Gota d’Água” – que envolve falsificação de análises de água – onde os suspeitos troçam com a possibilidade de serem presos. “Vais levar-me uns cigarrinhos [à prisão], vais”.
A operação “Gota d’Água” tem no epicentro um laboratório de recolha e análise de águas destinadas ao consumo humano, e ainda de águas residuais e balneares, de piscinas, ribeiras, furos e poços.
A 22 de outubro, a PJ deteve 20 pessoas, numa operação que envolve várias Câmaras Municipais do norte do país: Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Resende, Sabugal, Sátão, Vila Flor e Vila Pouca de Aguiar.
Em causa estão crimes de abuso de poder, falsidade informática, falsificação de documentos, associação criminosa, prevaricação, propagação de doença e falsificação de receituário.
O Correio da Manhã divulgou, este domingo, escutas onde envolvidos troçam com a possibilidade de irem presos: “Se temos o telefone sob escuta, vamos os dois para a cadeia”, brinca Toniette da Cruz, diretora técnica do laboratório que analisava a água em Trás-os-Montes (a única arguida que se encontra presa).
“Oh, oh, se eu for para a cadeia por causa disto então metade do País estava preso”, responde Luís Miguel Pinto, outro dos arguidos no processo.
No cerne da questão, conta o CM, estava uma “queixa” de Luís Miguel Pinto à diretora do laboratório, porque a água enviada para análise tinha dado um alerta para incumprimento dos parâmetros.
“Emito novos [relatórios] sem ninguém saber e elimino tudo do sistema (…) Antes de as amostras virem, eles que fervam a p*** da água”, respondeu Toniette da Cruz.
Noutra conversa com uma trabalhadora da Be Water – que lhe tinha pedido para “compor” uns resultados de análises – Toniette foi apanhada a pedir que depois lhe levasse “uns cigarrinhos”, caso fosse para a cadeia.
“Se tu fores, eu vou contigo, não vamos ter quem nos leve cigarros”, respondeu a funcionária.
“Com tanto corrupto no país que não vai lá para dentro, mal será. Por alterar a m**** de uma microbiologia é que lá vamos parar”, ironizou Toniette da Cruz, atualmente em prisão domiciliária.
De acordo com o CM, Luís Policarpo, vereador da Câmara de Vila Flor, também foi apanhado em escutas a mandar adulterar os resultados da água da piscina.
O problema é esse. Enquanto estes corruptos, todos eles, não forem presos, vamos continuar com uma justiça reles, com juizes a ganhar balúrdios para não fazerem o trabalho que lhes compete.
Não dá para confiar em ninguém
Brincar com a saúde pública e gozar largo com a situação? Essa Toniette que pense bem na sua triste vidinha, pq já nos vale um chavo… É daquelas que podia ir beber água contaminada, bem fresquinha
Gostava que ela viesse a público esclarecer as quais 1000 amostras ou análises falsificadas e o que poderia acontecer após o consumo de água imprópria… Num país decente tinhas o resto da vida tratado!