Os periquitos das cidades da Europa têm dialetos — tal como os humanos

Luis García / Wikipedia

Periquitos-monge (Myiopsitta monachus) num parque em Espanha

Uma equipa de investigadores do Instituto Max Planck de Comportamento Animal, na Alemanha, descobriu que o periquito-monge, uma espécie invasora em vários países europeus, desenvolveu dialetos distintos que variam de cidade para cidade no velho continente.

O estudo, publicado a semana passada na Behavioural Ecology, analisou as vocalizações dos periquitos-monge em oito cidades de quatro países diferentes – Espanha, Bélgica, Itália e Grécia – utilizando um método estatístico inovador.

Os resultados da investigação mostraram que, embora não haja diferenças nas vocalizações dos Myiopsitta monachus de um mesmo parque numa cidade, existem dialetos distintos para cada cidade.

Os investigadores observaram que as variações entre os dialetos eram particularmente notáveis na estrutura de modulação de frequência dos sons, uma característica que os humanos têm dificuldade em distinguir.

“Os periquitos-monges são o tubo de ensaio perfeito para estudar a evolução da comunicação complexa numa espécie que não seja a humana, pois têm um repertório vocal impressionante e a capacidade de imitar e aprender novos sons ao longo da vida”, explica Stephen Tyndel, investigador do Max Planck Institute e corresponding author do estudo, citado pela ZME Science.

Embora o estudo sugira que os dialetos possam ter surgido passivamente, mediante pequenos erros na imitação dos sons ou mantendo diferenças prévias, os investigadores não excluem a possibilidade de que possam ter-se formado também através de processos ativos.

“O conjunto de dados que obtivemos sugere que os dialetos divergiram quando os periquitos-monge invadiram as cidades europeias, mas que depois disso não se alteraram significativamente”, diz Tyndel.

Simeon Smeele, também investigador do Max Plank e co-autor do estudo, considera por seu turno que os dialetos podem servir como uma espécie de senha que indica a que grupo de ninhos pertence um indivíduo.

Os autores do estudo planeiam agora descobrir de que forma os periquitos aprendem uns com os outros, e se grupos menores dentro dos parques desenvolvem seus próprios dialetos.

ZAP //

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