A pesquisa indica que os sistemas de três estrelas são mais comuns no Universo do que se pensava.
Um novo estudo publicado na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society revela descobertas intrigantes sobre sistemas “vampiros” de três estrelas, que agora se acredita serem mais prevalentes no Universo do que se pensava.
A pesquisa, conduzida pela Universidade de Leeds no Reino Unido, foca-se na evolução das estrelas tipo-Be, um subconjunto das luminosas estrelas tipo-B. Estas estrelas são caracterizadas pelas sua rápida rotação e anéis circundantes de matéria, cujas origens têm intrigado os astrónomos há muito tempo.
Utilizando dados de alta precisão dos satélites Gaia e Hipparcos, a equipa de pesquisa, liderada pelo estudante de doutoramento Jonathan Dodd, propôs que essas características únicas das estrelas tipo-Be poderiam ser resultado de interações com duas estrelas companheiras adicionais, escreve o Live Science.
Esta hipótese desafia a teoria predominante de que essas características resultam unicamente de sistemas binários, onde uma estrela maior “ataca” uma companheira menor, atraindo matéria e girando mais rápido – ganhando o apelido de “estrelas vampiras”.
A abordagem da equipa espelhou o método usado pelo astrónomo Friedrich Wilhelm Bessel em 1844 para observar o primeiro sistema estelar binário. Ao analisar as posições e movimentos das estrelas pelo céu, os autores observaram um desvio nas trajetórias das estrelas causado por interações gravitacionais com estrelas companheiras. Este desvio é indicativo de uma diferença no centro de massa do sistema versus o centro da luz combinada emitida pelas estrelas.
Surpreendentemente, o estudo encontrou menos sistemas binários entre as estrelas Be em comparação com as estrelas B – apenas cerca de 28% das estrelas Be eram binárias, em oposição a 42% das estrelas B. Isso levantou questões sobre a teoria binária, especialmente porque a redução nos binários foi observada apenas em distâncias específicas de separação entre as estrelas.
Os cientistas teorizaram que em casos onde estrelas Be tinham estrelas companheiras dentro desses intervalos específicos, os sistemas eram provavelmente parte de uma disposição mais complexa de três estrelas. Nestes sistemas, a influência gravitacional da terceira estrela aproximaria as duas estrelas internas, permitindo à estrela Be atrair material da sua companheira, adquirindo assim a sua rotação e anel distintos.
Esta descoberta sugere que sistemas de três estrelas, particularmente aqueles que envolvem estrelas tipo-Be, desempenham um papel mais significativo no universo do que se compreendia anteriormente.
Como Jonathan Dodd nota, “[Os triplos] são um fator mais importante do que pensávamos anteriormente,” destacando a natureza dinâmica e complexa das interações e formações estelares no nosso universo.