Numa altura em que se discute por cá a eventual proibição de telemóveis dentro das escolas, uma cidade irlandesa surge nas notícias.
Proibir o telemóvel dentro das escolas: sim ou não? Por cá, o assunto tem sido discutido com frequência.
Há escolas portuguesas que já avançaram para essa proibição. Outras vão avançar. Outras estão a pensar se avançam.
O ministro da Educação, João Costa, sem uma posição definida sobre o assunto, admite que é um tema “complexo”, mas não é “adepto da proibição”; é mais “adepto da promoção de hábitos saudáveis”.
Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, lembra no SAPO24 que a maior parte das escolas não está a proibir o telemóvel”. E acrescentou: “Não faz sentido negar o evoluir natural da sociedade“.
Mas há quem esteja a negar o “evoluir natural da sociedade”. Pelo menos, desde Maio.
Greystones, County Wicklow, é uma pequena cidade na Irlanda, perto da capital Dublin. Já foi eleita – duas vezes, a última em 2021 – uma das comunidades “mais habitáveis” do mundo.
Agora inovou noutro contexto: não há telemóveis para as crianças. Em toda a cidade.
Em Greystones, há desde Maio um “código de não utilização de smartphones“ – voluntário, diga-se; só adere quem quer.
Os directores das oito escolas primárias locais pediram aos pais que subscrevessem a proibição, explica o portal Positive News.
A prioridade é haver interacções pessoais, cara-a-cara, entre as crianças. Em vez da comunicação digital constante. “Porque a infância está cada vez mais curta“, explica Christina Capatina, mãe de duas meninas de Greystones.
“É muito importante para eles estarem num lugar onde possam ser felizes e desfrutar de estar ao ar livre. É muito importante serem apenas crianças”, continuou.
Para isso, os pais passaram a adiar o acesso dos filhos aos telemóveis. Só vai acontecer aos 12 anos. Não são contra a tecnologia; são a favor de os mais novos esperarem pela escola secundária.
Meio ano depois: resultados? Resolveu completamente o problema. Nem há discussões longas sobre o assunto; a regra é essa para todos.
Mesmo que não haja uma adesão de 100%, o cenário global é evidente: a ausência de telemóvel passou a ser a norma.
Agora, houve uma mudança a nível nacional: a ministra da Educação apresentou, já em Novembro, proposta para proibir telemóveis nas escolas; os pais poderão proibir, colectivamente, os smartphones dentro das escolas – com o apoio do Governo. E o Executivo irlandês também está a ponderar a proibição de vender telemóveis a todas as crianças com menos de 11 anos.
E mais: há directores de escolas de outros países a ligar para Greystones, a querer saber mais sobre este regime. Porque esta é uma questão universal.