Numa importante descoberta arqueológico no sítio de Casas del Turuñuelo, no sudoeste de Espanha, arqueólogos desenterraram mais de 6.000 ossos de animais.
A descoberta de mais de 6 mil esqueletos de animais sacrificados, no sítio de Casas del Turuñuelo, em Espanha, fornece evidências raras de sacrifício animal ritualizado, que remonta ao século V a.C.
O achado, apresentado num estudo publicado esta quarta-feira na PLoS ONE, oferece uma visão única sobre a cultura Tartéssica, civilização que prosperou no sul da Península Ibérica entre os séculos IX e V a.C.
A cultura Tartéssica, conhecida pela sua mistura única de traços locais ibéricos e fenícios, tinha o seu próprio sistema de escrita e língua, com cerca de 97 inscrições identificadas.
“A descoberta preenche uma lacuna crítica entre os registos escritos de sacrifícios de animais no Mediterrâneo, como mencionado na Odisseia de Homero, e a falta de evidência arqueológica correspondente”, explicou Mª Pilar Iborra Eres, co-autora do estudo e investigadora do Instituto Valenciano de Conservação, à PopSci.
As escavações no sítio arqueológico de Casas del Turuñuelo tiveram início em 2015, tendo sido encontrados até agora 6.770 ossos pertencentes a 52 animais, predominantemente cavalos adultos, mas também gado, porcos e um cão, que foram analisados meticulosamente pela equipa de Iborra Eres.
Segundo os investigadores, o enterro intencional destes restos aponta para o seu uso em rituais de sacrifício.
O estudo revela que os sacrifícios ocorreram em três fases, com as duas primeiras envolvendo esqueletos maioritariamente completos e inalterados. A terceira fase mostrou sinais de os animais terem sido processados para alimentação, sugerindo que uma refeição acompanhou o ritual.
Este padrão indica uma seleção deliberada de animais adultos para sacrifício e o envolvimento de fogo nestes rituais. A presença de restos de plantas e animais queimados indica também que o fogo representava um papel importante nestes rituais.
Casas del Turuñuelo destaca-se pelo grande número de cavalos sacrificados, uma característica única entre os sítios arqueológicos do Mediterrâneo. A escavação do pátio do sítio revelou que este foi provavelmente usado repetidamente ao longo de vários anos para vários rituais de sacrifício.
A equipa de investigadores planeia agora visa aprofundar a sua análise, aplicando às amostras de equídeos metodologias como tomografia computorizada, paleoparasitologia, análise de isótopos e estudos de DNA ancestral.
“A arqueologia permite-nos aprender sobre muitos aspetos da vida das sociedades do passado”, diz Iborra Eres. “Ao aplicar estas metodologias inovadoras, penasmos poder fazer um estudo completo do grupo de equídeos envolvidos nestes rituais de sacrifício”.
Rituais de sacrifício? Ou simplesmente o abate de animais para festas rituais com partilha de alimentação cozinhada?
Ainda hoje existem locais na Peninsula onde se abate um boi ou um porco (p.e) que depois é cozinhado e servido em repasto partilhado pelos habitantes/vizinhos.
Parece também haver uma imprecisão (ou confusão) no artigo: 6000 animais/esqueletos ou 6000 ossos de 52 animais? É que o artigo deixa de ter tanta notoriedade se o titulo deixar de se referir a 6000 animais sacrificados, para “apenas” 52 e se calhar deixa de ser “história negra” para ser apenas “história cinzenta”.