João Neves agarra “chaves” e destranca portal da vitória encarnada

Pedro Sarmento Costa / Lusa

O Benfica derrotou, na tarde deste sábado, o Desportivo de Chaves, em Trás-os-Montes. Aursnes e João Mário fizeram os golos encarnados, mas foi o “menino” João Neves a desbloquear a vitória encarnada.

Minuto 59: João Neves arrancou pela corredor direito, invadiu a área do Chaves, cruzou, Arthur Cabral “atirou”, João Correia ainda cortou e Aursnes dissipou as dúvidas colocando o esférico no interior da baliza do Desportivo de Chaves.

Foi desta forma que o jovem formado no Seixal começou a desatar o nó flaviense.

Mais tarde, aos 77 minutos, foi carregado em falta por Bruno Langa e, na conversão da grande penalidade, João Mário aumentou a vantagem do Benfica.

As “águias”, após uma primeira parte complicada, ganhavam assas e voavam liderados pelo grito lançado pelo camisola 87 João Neves.

“Águia” objetiva e sagaz

O Benfica, que manteve a aposta no 1x3x4x3 que tinha apresentado em Arouca, com Morato na linha de três defesas e Gonçalo Guedes como falso ponta-de-lança, sentiu muitas dificuldades para ultrapassar o bloco coeso e bem organizado do Chaves.

Os flavienses, desenhados num 1x5x4x1, colocavam nove ou dez homens atrás da linha da bola e obrigavam o Benfica a ter de a circular pelos três corredores de forma lesta, mas os comandados de Roger Schmidt apenas a espaços conseguiam fazer isso, demonstrando muita lentidão, previsibilidade e poucas alternativas nas investidas atacantes.

Com Aursnes e João Neves nas alas, a equipa precisava de largura pelos corredores, algo que não acontecia com fluidez – ambos abusavam do jogo interior -, tornando o domínio no terreno estéril e pouco efetivo.

Florentino era o melhor ao intervalo

Florentino, com um GoalPoint Rating de 5.8, era a unidade em destaque nos primeiros 46 minutos, fruto de um passe para remate, uma eficácia de 85% nos passes (sete desperdiçados em 47 tentados), oito duelos ganhos, sete perdidos, cinco recuperações de posse, nove perdas e cinco acções defensivas.

Ao intervalo, Schmidt prescindiu de Gonçalo Guedes, apostando em Arthur Cabral. O ataque passou a ter uma referência e mais presença na área do opositor, mas foram os flavienses a assustar, num lance em que Sanca quase oferecia o golo a Héctor Hernández, valendo o corte de António Silva na “hora H”.

Num laivo, o “furacão” João Neves fez algo inédito nas ações das “águias” rompeu pela faixa direita, cruzou, Arthur Cabral atirou de forma pouco ortodoxa, João Correia ainda cortou em cima da linha, mas surgiu Aursnes a encostar.

A resposta foi imediata e apenas os ferros detiveram um “míssil” lançado por Bruno Langa. Numa fase em que o Chaves tentava empatar e o Benfica ampliar a vantagem, Langa cometeu falta sobre João Neves e, da marca dos 11 metros, João Mário dilatou o resultado.

Aos 90 minutos, o suplente Musa ainda festejou o 0-3, mas o lance foi anulado por fora-de-jogo do croata – estava adiantado nove centímetros.

Com este triunfo, os campeões nacionais passam a somar os mesmos 25 pontos do que Sporting, que entra em campo neste domingo na receção ao Estrela da Amadora, e fogem ao FC Porto.

Já o emblema do transmontano contabiliza o segundo desaire seguido na competição e continua a sofrer golos, mantendo a tendência de consentir pelo menos dois tentos sempre que atua em casa.

Melhor em Campo

Parece que João Neves não sabe jogar mal e tem sido ele o elemento mais regular do Benfica neste arranque de época 2023/24.

Agora transformado em ala-direito, passou por algumas dificuldades na etapa inicial, mas surgiu transfigurado na segunda metade e esteve umbilicalmente ligado aos dois lances que definiram o marcador do encontro.

O internacional A destacou-se com um passe para remate, 101 ações com a bola – máximo na tarde deste sábado -, cinco ações na área contrária, 16 duelos ganhos (outro máximo), sete duelos perdidos, foi 100% eficaz nos cinco duelos tentados, atingiu as dez ações defensivas, conquistou três cartões e obteve o título de MVP com um GoalPoint Rating de 7.1.

A nota não foi ainda mais elevada devido às 27 perdas de bola registadas (máximo negativo) e aos quatro desarmes sofridos.

Destaques do Chaves

Cafú Phete 5.9

Foi o melhor do Chaves com três duelos ganhos e dez acções defensivas, entre as quais seis alívios.

Kelechi Nwakali 5.5

Muito em jogo, realce para os dez duelos que venceu, seis recuperações de posse, seis ações defensivas e sete perdas.

Bruno Langa 4.5

Estava a ser a válvula de escape da equipa, com boas incursões pelo flanco esquerdo, esteve a centímetros de marcar um golaço, mas esteve envolvido na jogada que redundou no 0-2 final. Atingiu os três remates, três recuperações de posse, 19 perdas e oito ações defensivas.

Destaques do Benfica

Fredrik Aursnes 6.6

Tentou dar mais largura na etapa final e foi assim que surgiu no lance do 0-1. Registou, ainda, oito passes progressivos, quatro recuperações de posse, 18 perdas e três ações defensivas.

João Mário 6.3

Florentino protegeu-lhe as costas, arriscou pouco no período inicial, mas à semelhança da equipa, foi mais agressivo na segunda metade. Sai de cena com um golo – o segundo seguido no campeonato -, dois passes para remate, apenas dois passes falhados em 59 (eficácia de 97%), quatro recuperações de posse, quatro perdas e três ações defensivas.

Otamendi 6.0

Tentou acabar com a monotonia inicial que a equipa apresentou e, na segunda parte, voltou a procurar o golo. Exibição segura condimentada com dois remates, apenas um passe falhado em 67 (99% de eficácia), seis recuperações de posse e cinco acções defensivas.

Morato 6.0

Não comprometeu e tem sido um dos beneficiados com esta mudança de sistema tático. Autor de um remate, cinco duelos vencidos, seis perdidos e cinco recuperações de posse.

Florentino 5.8

Titular pela terceira partida consecutiva, preencheu a folha de serviços com um passe para remate, uma eficácia de 84% nos passes (12 falhados em 75 feitos), cinco passes longos eficazes, dez duelos conquistados, outros tantos perdidos, nove recuperações da posse, 16 perdas e nove ações defensivas.

Arthur Cabral 5.6

Parece mais ligado à corrente, deu outra presença ofensiva à equipa. Envolvido no tento inaugural, gizou dois remates, 17 ações com a bola (três na área adversária) e venceu os dois duelos aéreos ofensivos em que interveio.

Rafa Silva 5.5

Um dos prejudicados com a mudança de figurino tático. Parece estar ainda a apalpar os novos terrenos que tem de pisar e mostra-se pouco ao jogo. Orquestrou dois passes para remate, quatro passes progressivos, venceu seis duelos e perdeu 11.

António Silva 5.5

Menos fulgurante do que Otamendi e Morato, acumulou cinco recuperações de posse, três perdas e sete ações defensivas.

Di María 5.4

Foi o mais rematador em campo com seis tentativas, todas desenquadradas, tendo ainda feito três recuperações de posse e nove perdas.

Resumo

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