ADIÓS? O Benfica poderá ter dado um passo em falso e comprometido as aspirações europeias para esta temporada.
Numa espécie de final antecipada ante a Real Sociedad, os “encarnados” fizeram aquilo que tinham feito nas duas jornadas anteriores deste Grupo D, perderam e voltaram a demonstrar uma pálida imagem da equipa que na época transcorrida tinha encantado.
Previsível, sem chama, organização, passiva, a turma de Roger Schmidt chegou a ser banalizada por um opositor bem organizado, que geriu os ritmos do encontro como quis e superiorizou-se da maior parte do tempo.
O golo que definiu o “placard” surgiu ao minuto por 63 por intermédio de Brais Méndez.
Decorridas três rondas, os portugueses somam três desaires, zero pontos, nenhum golo marcado e dificilmente vão conseguir atingir os oitavos-de-final ou até uma vaga na Liga Europa. Inter e Real Sociedad lideram com sete pontos e o Salzburg surge em terceiro com três.
“Somos uma equipa de ideias definidas e viemos a Lisboa para ganhar.” Os jogadores da Real Sociedad seguiram à risca as palavras do treinador Imanol Alguacil e dominaram quase por completo os primeiros 47 minutos de jogo na Luz.
Organizados, os bascos atacavam – em 1x4x3x3 – e defendiam – num 1x4x4x2 – num bloco compacto, coeso e organizado. No processo ofensivo circulavam a bola com critério e contundência, disparando no momento certo, quase sempre através do corredor direito onde estavam Traoré e Kubo.
Quando perdiam a bola pressionavam de forma asfixiante o Benfica, que à excepção do período entre os 8’ até aos 20’ – altura em que conseguiu ter a bola, explorou os três corredores e visou com perigo o alvo.
Musa, aos 17 minutos, ainda viu um golo ser anulado por fora-de-jogo de Rafa – nunca esteve confortável na partida e andou muito tempo a “cheirar” a bola.
Os homens de Roger Schmidt demonstraram pouca imaginação, foram pouco agressivos e passivos sem a bola e voltaram a denotar falta de organização nos vários capítulos do jogo.
Na recta final, o ascendente espanhol subiu de tom – um golo anulado a Brais Méndez por posição irregular – e as ocasiões de perigo foram-se avolumando.
Martín Zubimendi era a unidade em foco ao intervalo com 55 acções com a bola, oito duelos ganhos, seis recuperações de posse, oito acções defensivas e um GoalPoint Rating de 6.4. João Neves destacou-se nos “encarnados” com 5.9.
Ao intervalo, Arthur Cabral e Kökcü substituíram Musa e João Mário, respectivamente, e o figurino táctico alterou-se, mas o 1x4x3x3 deixou a equipa da Luz ainda mais exposta e à mercê dos espanhóis.
Zubimendi continuou a jogar de “cadeirinha” e a comandar a armada espanhola, o Benfica sofria e corria de forma desenfreada atrás da bola, abrindo crateras na zona central.
Com paciência, os visitantes iam superando a parca pressão e foi num lance desenhado por Barrenetxea, que Brais Méndez finalizou a preceito, que tudo ficou decidido, fazendo o seu terceiro golo nesta edição da prova milionária.
Com o colectivo a dar mais uma prova preocupante, os lances de maior perigo surgiram em lances de inspiração individual, os “suplentes” Kokçu e Tiago Gouveia ameaçaram o empate, mas Remiro segurou os três pontos e praticamente ditou o destino das “águias”…
Melhor em Campo
É uma das coqueluches do emblema de San Sebastián e demonstrou isso mesmo na noite desta terça-feira.
Sempre de cabeça levantada, Mikel Merino deu uma verdadeira aula no palco lisboeta e destacou-se com um remate, dois passes para finalização, dez passes progressivos – máximo no jogo -, venceu 17 duelos, perdeu cinco, levou a melhor nos sete duelos aéreos ofensivos em que interveio e recuperou a posse de bola em dez ocasiões.
O chamado “partidazo” que lhe valeu o título de MVP com um GoalPoint Rating de 6.9.
Destaques do Benfica
Bah 6.4
Esteve em dúvida, mas recuperou, foi titular e a melhor unidade das “águias” em campo: três cruzamentos, venceu 15 duelos – máximo da noite -, perdeu seis, registou 18 perdas da posse e excelentes 17 acções defensivas – entre as quais nove desarmes. No lance do golo não teve apoio para travar Barrenetxea.
António Silva 6.0
Face ao caudal contrário, esteve muito em jogo, com realce para dez recuperações de posse, nove acções defensivas e três passes falhados em 40 tentados (93% de eficácia).
Otamendi 5.6
Autor de um remate, nove acções defensivas, cinco recuperações de posse e consentiu três dribles.
João Neves 5.6
Não teve a melhor companhia para conseguir travar o forte meio-campo do adversário. Destacou-se com um remate, dois passes para finalização, cinco acções com a bola na área contrária, venceu oito duelos, perdeu nove e acumulou 18 perdas de posse.
Musa 5.6
Mal servido, foi mais vítima da falta de imaginação da equipa do que réu. Fez um remate, acertou os oito passes que fez, venceu cinco duelos e perdeu quatro.
Trubin 5.6
Sem culpas no golo sofrido, ainda registou uma defesa e falhou sete dos 61 passes que tentou.
David Jurásek 5.2
Foi uma das novidades no “onze” e passou por alguns sobressaltos com a imprevisibilidade de Kubo e com as aproximações de Traoré. Ainda tentou esticar o ataque pelo lado esquerdo, mas não foi feliz. Realizou um passe para remate, em 25 passes, desperdiçou 13 (eficácia de apenas 48%), conquistou cinco duelos, perdeu seis e permitiu quatro dribles.
Tiago Gouveia 5.2
Foi uma das poucas boas notícias do Benfica esta noite. Deu outra chama ao flanco esquerdo com um remate, nove acções com a bola – duas na área espanhola – e conquistou um amarelo.
David Neres 5.0
Foi o elemento mais inconformado do ataque e saiu na fase em que estava a tentar ir contra a maré. Foi o mais rematador das “águias” com quatro tentativas, atingiu as quatro acções com a bola, duas conduções progressivas, sofreu três desarmes e chegou às 12 perdas de bola.
Rafa 4.9
Passou grande parte do jogo a correr atrás da bola. Das poucas vezes em que conseguiu soltar-se das amarras do adversário, ainda ofereceu o golo a Musa, mas estava em posição irregular. Fez um remate, apenas 37 acções com a bola e somou 14 perdas de bola.
Fredrik Aursnes 4.8
O facto de ser utilizado em diversas posições tem sido prejudicial para o nórdico. Esta terça-feira foi chamado para formar dupla com João Neves e nunca conseguiu ser influente – oito passes falhados em 39 tentados -, apenas sete recuperações de bola e 13 perdas de bola – quatro no primeiro terço defensivo.
João Mário 4.7
Outro dos elementos que tem sido uma sombra daquilo que fez na última época. Sem chama, nunca conseguiu “ligar-se” ao jogo, não ajudou Jurásek a travar Kubo e Traoré e também não se juntou a Neves e Aursnes para equilibrar a equipa. Acumulou nove perdas de bola e sofreu quatro desarmes.
Destaques da Real Sociedad
Martín Zubimendi 6.8
Para quem ainda não o conhecia, o médio que Xavi tanto quis para substituir Busquets no Barcelona demonstrou todo o valor que tem. É um dos melhores “trincos” da actualidade, muito completo, interpreta todas as fases do jogo como poucos e foi ele o farol que iluminou a grande exibição da Real com um remate, uma eficácia de 92% nos passes, 95 acções com a bola – cinco das quais na área adversária -, venceu dez duelos, recuperou a posse de bola em nove ocasiões, perdeu-a em outras tantas e atingiu as dez acções defensivas.
Brais Méndez 6.5
O meio-campo basco é de luxo e Brais ajuda e muito. Com um estilo parecido a Bruno Fernandes, tem sido o goleador da equipa e voltou a ser fundamental com um golo em dois remates, nove passes progressivos recebidos e oito recuperações de bola.
Resumo
// GoalPoint