Os autocarros low-cost estão a revolucionar (e a facilitar) as ligações entre todos os pontos do país. Os comboios não chegam a todo o lado e são um meio cada vez menos fiel e atrativo. Andar de avião é para muito poucos, e viajar de carro – principalmente, se não for elétrico – sai muito caro.
Viajar de carro é cada vez mais dispendioso. A subida dos preços da gasolina e das portagens desencoraja as pessoas a fazer viagens mais longas com veículo próprio. E já nem partilhando carro e dividindo custos parece compensar, quando comparado com outros meios de transporte.
Andar de avião não é – nem nunca foi – para todos. Apesar de ser o meio mais rápido é muito mais dispendioso (e inimigo do ambiente). Além disso, em Portugal, tirando Lisboa, Porto e Faro, as opções são muito escassas (ou até inexistentes).
Apanhar o comboio (para quem tem essa possibilidade) compensa cada vez menos: é caro, lento e a rede ferroviária não chega a todo o país.
Autocarros são a melhor solução
Numa altura em que se fala cada vez mais sobre o agravamento da crise ambiental e o Governo cria cada vez mais medidas para combatê-la, não há outra opção melhor senão continuar a viajar nos – ainda poluentes – autocarros.
Seja na tradicional Rede Expressos ou nos mais recentes autocarros low-cost FlixBus e Gipsyy, há muitas e boas soluções para viajar de autocarro entre quase todos os pontos do país, a custo reduzido e relativamente rápido, comparando com os meios supramencionados.
O Jornal de Notícias dá como exemplo as ligações entre Lisboa e Porto.
De acordo com fontes oficiais, desde 2019, a Rede Expressos aumentou em 48% o número de viagens entre Lisboa e o Porto: são agora 74 viagens diárias em cada sentido, com preços que podem ir desde 3,95€, “consoante a disponibilidade e a antecipação da compra”, cita o JN.
Já a FlixBus chega a ter 47 ligações diárias entre as duas principais cidades do país, com preços desde 2,99€.
Os menos conhecidos autocarros Gipsyy têm, geralmente, apenas duas ligações diárias entre Lisboa e Porto, com o preço do bilhete desde 2,99€ (mas terá de ser comprado com bastante antecedência). No entanto, em Portugal, a Gipsyy peca por viajar apenas entre as duas maiores cidades.
Pelo contrário, para muitas localidades do interior do país, onde, por exemplo, o comboio não chega, a salvação é a Rede Expressos e a FlixBus, que dispõem de várias opções a preços, igualmente, baixos.
Ora, num país em que a rede ferroviária funciona mal, o autocarro é cada vez mais a solução mais económica, flexível, cómoda e disponível.
Comboios ficam a desejar
De acordo com o Jornal de Notícias, só há 38 comboios diários diretos (Intercidades e Alfa-Pendular) da Comboios de Portugal (CP), entre Lisboa e Porto.
As perturbações na Linha do Norte, os atrasos recorrentes e as greves são o que tornam a ferrovia um meio menos atrativa, considera Fernando Nunes da Silva, professor catedrático aposentado no Instituto Superior Técnico (IST).
“Em Portugal, conseguiu-se fazer uma coisa notável: transformar o comboio num transporte não fiável e não atrativo, quando é aquele que tem menos acidentes e cumpre horários”, lamentou o professor ao JN.
Os autocarros têm cada vez mais condições para prosperar. Em Portugal, a rede rodoviária aumentou em 2.378 quilómetros (346%), entre 1995 e 2018. Já a rede ferroviária diminuiu 18%.
Durante esses 23 anos, Portugal registou a terceira maior redução ferroviária da Europa, só atrás da Letónia e da Polónia.