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Kevin McCarthy, Presidente da Câmara dos Representantes
O clima de guerra civil dentro do partido Republicano continua, com o congressista Matt Gaetz a apresentar uma moção para destituir Kevin McCarthy.
Desde o início que a liderança de Kevin McCarthy na Câmara dos Representantes se adivinhava vulnerável e o recente acordo alcançado com os Democratas para travar o shutdown do Governo veio reacender o coro de críticas internas.
O congressista da ala radical Matt Gaetz avançou agora com uma moção para remover McCarthy da Presidência da câmara baixa do Congresso.
“Tenho o apoio de Republicanos suficientes para dizer que nesta altura na próxima semana, uma de duas coisas vai acontecer: Kevin McCarthy não será Presidente da Câmara dos Representantes, ou será um Presidente à mercê dos Democratas. Estou em paz com qualquer dos resultados porque o povo americano merece saber quem o governa”, defendeu o representante da Flórida.
O anúncio surge dois dias depois de a Câmara ter aprovado uma lei orçamental provisória para prolongar o financiamento do Governo até 17 de Novembro, evitando uma paralisação que arriscava deixar centenas de milhares de funcionários públicos federais sem remuneração e bloquear o financiamento dos serviços públicos.
Tanto a Câmara quanto o Senado aprovaram o projeto de lei com esmagadoras maiorias bipartidárias, antes de Joe Biden assinar o projeto na noite de sábado.
Gaetz já tinha avisado que tentaria destituir McCarthy se este desse luz verde ao acordo com os Democratas. “Ninguém confia em Kevin McCarthy. Ele mentiu a toda a gente”, defendeu, em declarações à CNN.
A liderança da Câmara terá agora de agendar uma votação sobre o assunto dentro de dois dias legislativos. As moções para destituir o Presidente precisam do apoio de dois terços dos congressistas, o que significa que é necessário o apoio dos Democratas para que McCarthy seja removido.
Questionado sobre se vai continuar a tentar destituir McCarthy mesmo que esta moção falhe, Gaetz respondeu sarcasticamente: “Foram precisos 15 votos para McCarthy se tornar o Presidente da Câmara, então, até chegar aos 14 ou 15, não acho que estou a ser mais demorado do que ele”.
Em reacção ao anúncio de Gaetz, McCarthy foi curto e grosso. “Venha ele“, escreveu no X (ex-Twitter) poucos minutos após o anúncio.
Numa entrevista ao programa “Face the Nation” da CBS, McCarthy disse ainda que “isto é pessoal para o Matt“. “Ele está mais interessado em garantir entrevistas na TV do que em fazer alguma coisa”, acusou.
McCarthy também já disse publicamente que a animosidade de Gaetz se deve à sua recusa em interferir na investigação ética de que o congressista está a ser alvo – Gaetz está a ser investigado pelo comité de ética da Câmara dos Representantes por suspeitas de ter tido relações sexuais com uma menor, estando em causa alegações de tráfico sexual e uso de drogas ilícitas.
“Ninguém o suporta”
Ainda antes de vencer a eleição para a liderança da Câmara, McCarthy já estava sob grande pressão por parte do Freedom Caucus, um grupo Republicano mais radical que exige uma postura mais dura do partido contra os Democratas e recusa negociações bipartidárias.
O desafio de Gaetz, que integra o Freedom Caucus, é um sinal desta oposição interna, que está longe de ser consensual. Entre os Republicanos mais moderados, há até quem quer expulsar o congressista devido aos seus constantes ataques à liderança partidária.
“Já ninguém o suporta. É um tipo inteligente mas sem valores morais”, referiu um congressista Republicano à Fox News.
A congressista Marjorie Taylor Greene apelou à paz nas redes sociais. “Os Republicanos precisam de parar com as lutas pelo poder, parar com o drama absurdo, lembrar-se de quem é o inimigo, parar de lutar entre si e levar a sério a solução dos problemas que produzem o fracasso sistémico anual”, referiu, anunciando a oposição tanto à moção para remover McCarthy como aos esforços para expulsar Gaetz.
Muitos dos seus colegas foram menos caridosos com o congressista da Flórida. “Não tenho tempo, nem paciência, nem tolerância para qualquer tipo de fetiche psico-pseudo-político”, defende o representante Marc Molinaro.
Há até quem sugira que Gaetz está a ajudar os Democratas. “O tipo que diz que McCarthy é o porta-voz dos Democratas está a conspirar com os Democratas radicais para eliminar um Presidente da Câmara Republicano que é mais conservador do que ele”, acusou o apresentador de rádio Mark Levin no X.
“Gaetz é secretamente um agente do Partido Democrata? Ninguém está a fazer tanto para minar, enfraquecer e paralisar o Partido Republicano na Câmara”, acrescentou ainda o ex-Presidente da Câmara dos Representantes, Newt Gingrich.
Seja qual for o resultado da moção de Gaetz, as querelas internas nos Republicanos não dão sinais de abrandar.
Há uma guerra aberta entre Republicanos, Trump está de parabéns, conseguiu dividir o partido.
Solução: dividir o partido, criando um novo. Assim, a politica americana ficava um pouco mais plural (quase como nas democracias normais).