Esteve nove anos à espera e foi quando menos esperava que chegou a chamada. Colocava-se um novo desafio: chegar ao hospital a tempo.
Foi preciso ir à Serra dos Órgãos, na Região Serrana do Rio de Janeiro, para Ricardo Medeiros de Oliveira ter finalmente direito…a um órgão.
O homem de 48 anos estava este sábado a dois mil metros de altitude, a escalar uma montanha na Pedra do Sino, quando recebeu uma chamada. Desligou.
“Estávamos no cume da Pedra do Sino quando o telefone começou a tocar. Ainda falei com a menina que estava ao meu lado: ‘Não acredito nisto, nem aqui em cima o pessoal me dá sossego’. Desliguei e meti no bolso e ligaram de novo. Mas não conhecia então desliguei”, conta à Globo.
Do outro lado do telefone, soube depois, estava a médica responsável por entrar em contacto com os pacientes que aguardam um transplante — uma lista em que Ricardo constava há nove anos.
Quando atendeu, a 120 quilómetros do hospital, recebeu a notícia: era o próximo na fila para receber um rim, depois de uma longa espera de quase uma década acompanhada de muitas sessões de hemodiálise. Depois de um momento de felicidade instantânea, instalou-se uma corrida contra o tempo: como é que havia de ir para o hospital naquele momento?
A verdade é que Ricardo tinha de se estar no espaço de três horas no hospital, conta o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros da capital fluminense, segundo o Estado de Minas.
De recordar que, de todos os órgãos, o rim é dos que tem mais “margem” de horas para ser transplantado — 48 horas, comparativamente a cerca de 12 horas para o fígado e pâncreas e quatro para o coração.
Foi mesmo necessário um “resgate à filme”, de helicóptero, que o levou a um hospital de Minas Gerais onde o órgão compatível estava à sua espera.
— Lázaro Rosa 🇧🇷 (@lazarorosa25) September 25, 2023
“Foi uma mistura de sentimentos muito grande, não sabia se eu ria, se chorava (…) porque nunca tinha acontecido um resgate de helicóptero para um transplante”, conta, segundo a SIC Notícias.
A cirurgia de três horas correu lindamente e Ricardo já voltou ao topo da montanha.