A geofagia, o consumo deliberado de terra, é uma prática que é observada em humanos e outros vertebrados há milhares de anos, mas o seu propósito permanece incerto.
Esta condição é uma forma de pica—um distúrbio psicológico raro caracterizado pelo petite patológico por substâncias não alimentares, como carvão ou barro.
Num estudo publicado em 2011, uma equipa de investigadores explorou as razões que podem estar por trás desta condição.
O estudo, recorda o JSTOR Daily, esboça três hipóteses principais sobre a origem deste peculiar comportamento.
A primeira hipótese avançada pelos autores do estudo sugere que o consumo de terra ocorre devido a uma deficiência em micronutrientes minerais como zinco e ferro.
A segunda hipótese postula que o consumo de terra poderia proteger contra produtos químicos nocivos, parasitas e patógenos, tornando a parede intestinal menos permeável ou ligando-se diretamente a toxinas e patógenos.
Segundo a terceira hipótese, a geofagia é um comportamento não adaptativo ou contraproducente que pode ser uma resposta à fome ou deficiências de nutrientes que causam problemas sensoriais.
O estudo excluiu da sua definição de geofagia certos comportamentos, como o comportamento das crianças pequenas (que é considerada uma “exploração do ambiente), atos simbólicos relacionados com práticas religiosas e a litofagia (ingestão de rochas ou areia) observada em alguns animais.
Após analisar 482 relatos publicados de geofagia em humanos e 330 relatos de geofagia em outros animais, os investigadores concluíram que a primeira hipótese, amplamente aceite, não realidade não reunia evidências suficientes que a pudessem sustentar.
Os autores do estudo concluíram ainda que os minerais nos solos não são facilmente absorvidos pelo corpo e que o consumo de argila poderia realmente levar a deficiências nutricionais.
No entanto, a meta-análise permitiu aos investigadores reunir evidências suficientes para suportar a segunda hipótese, sugerindo que o consumo de terra poderia atuar como um mecanismo protetor contra químicos dietéticos, parasitas e patógenos.
Para outros animais, dizem os investigadores, o comportamento poderia servir ambos os propósitos: aquisição de micronutrientes e proteção.
Assim, concluem os autores do estudo, a geofagia ocorre em etapas vulneráveis da vida e em condições ecológicas específicas em que os indivíduos necessitam de proteção, sendo um comportamento difundido entre humanos e outros animais — e não deve ser considerada “um erro gustativo bizarro e não adaptativo“.