Portugal é o terceiro país da Europa que mais tem desinvestido nas ferrovias. Em 23 anos, “o alcatrão” aumentou 364% e as linhas de comboio diminuíram 18%.
Portugal aumentou a sua rede rodoviária em 2.378 quilómetros (346%), entre 1995 e 2018, enquanto a ferroviária diminuiu 18%, segundo um estudo divulgado, esta terça-feira, pela organização não-governamental (ONG) ambiental Greenpeace.
Durante esses 23 anos, Portugal registou a terceira maior redução ferroviária da Europa, só atrás da Letónia e da Polónia.
A ONG destaca que, desde 1995, oito linhas (num total de 460 quilómetros) foram desativadas, afetando um número estimado de 100 mil pessoas.
A organização ambientalista insistiu na necessidade de apostar nas ligações entre Portugal e Espanha, nomeadamente Lisboa-Madrid, lembrando que apenas existe um comboio direto entre Porto e Vigo.
Apelo à reabertura de estações ferroviárias
Em vésperas do Conselho de ministros dos Transportes da UE (nos dias 22 e 23), a Greenpeace apela aos governos “para que corrijam a sua incapacidade histórica de incentivar os comboios em vez dos transportes privados movidos a petróleo e para que deixem de encerrar estações ferroviárias regionais, reabram infraestruturas ferroviárias desativadas”
A organização ambiental solicitou ainda que se transfira maciçamente o financiamento dos transportes rodoviários e aéreos para os caminhos-de-ferro, “a fim de garantir a redução das emissões de gases com efeito de estufa e a igualdade de acesso à mobilidade sustentável para todos”.
Entre 1995 e 2018, Portugal investiu mais do triplo em estradas do que em ferrovias: 23,4 mil milhões de euros face a 7,7 mil milhões. Portugal apresentou o terceiro maior crescimento, em termos absolutos, da extensão de autoestradas na Europa, a seguir à Espanha e à França.
A ONG destacou que, apesar dos alertas sobre as alterações climáticas e as suas consequências desde 1990, os países da Europa analisados (UE, Noruega, Suíça e Reino Unido) mantiveram o foco do investimento na extensão da rede viária (1,5 biliões de euros), em detrimento do comboio (930 mil milhões nas ferrovias), numa diferença de 66% entre as duas opções.
ZAP // Lusa