Cientistas chineses anunciaram uma técnica inovadora de edição de genes, conhecida como CyDENT, que, segundo eles, ultrapassa em precisão e eficácia a tecnologia CRISPR, amplamente conhecida.
Embora a CRISPR tenha revolucionado a engenharia genética e a biotecnologia nos últimos anos, tem enfrentado desafios, incluindo efeitos indesejados e mosaicismo.
O mosaicismo é o nome que se dá a um tipo de falha genética durante o desenvolvimento do embrião dentro do útero materno, em que a pessoa passa a ter dois materiais genéticos distintos, um que é formado pela junção do óvulo com o espermatozóide dos pais, e outro que surge devido a uma mutação de uma célula no decorrer do desenvolvimento do embrião.
A proteína Cas9 do CRISPR corta ocasionalmente o ADN em locais semelhantes mas não idênticos à sequência alvo, podendo causar mutações não intencionais e o aparecimento de novas doenças. Além disso, nem todas as células dos organismos tratados podem sofrer a edição genética desejada, o que leva ao mosaicismo e complica os procedimentos terapêuticos.
A entrega eficiente de componentes CRISPR em células ou tecidos alvo também tem colocado dificuldades, e existe a preocupação de que o sistema imunitário possa reagir à proteína Cas9 quando usada para terapia genética em humanos.
A confirmar-se, o CyDENT, desenvolvido por cientistas do Instituto de Genética e Biologia do Desenvolvimento da Academia Chinesa de Ciências, oferece uma solução promissora para estes desafios. A notícia foi avançada pelo South China Morning Post no sábado.
Ao contrário do CRISPR, o CyDENT pode efetuar a edição de genes específicos da cadeia sem fazer quaisquer cortes. Kevin Zhao, coautor do estudo e cofundador da Qi Biodesign, explicou que o CyDENT assenta numa “abordagem baseada em proteínas” que utiliza um sinal proteico para transportar o editor para o interior das células, eliminando a necessidade de um ARN-guia.
A dependência do ARN-guia tem sido uma limitação dos sistemas baseados no CRISPR, especialmente quando se edita o ADN em ambientes difíceis como os cloroplastos das plantas ou as mitocôndrias humanas. O ARN-guia é um segmento de ARN concebido, crucial para a função de edição de genes do CRISPR.
Embora os investigadores reconheçam a necessidade de mais investigação para garantir a segurança e a eficácia do CyDENT em terapias humanas, estão entusiasmados com o seu potencial para estudar ADN anteriormente não editável. O estudo foi publicado no final de agosto na revista Nature.
O seu próximo objetivo é explorar as suas aplicações nos cloroplastos das plantas, o que poderá ter implicações de grande alcance para a agricultura, a medicina e a biotecnologia.