Uma equipa de investigadores israelitas desenvolveu modelos completos de embriões humanos derivados exclusivamente de células estaminais produzidas em laboratório.
Investigadores do Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, criaram modelos completos de embriões humanos a partir de células estaminais cultivadas em laboratório.
Estes embriões sintéticos cresceram sem a necessidade de um útero.
O estudo pioneiro, apresentado num artigo publicado na semana passada na revista Nature, promete uma compreensão mais profunda da origem embrionária e pode ter um impacto significativo em áreas como o tratamento da infertilidade, criação de medicamentos e cultivo de tecidos para transplantes.
O que distingue estes modelos sintéticos dos desenvolvido em estudos anteriores é a sua profunda complexidade e semelhança com embriões humanos autênticos.
Todos os tecidos essenciais para o crescimento do embrião humano, incluindo a placenta, saco vitelino e saco amniótico, estavam presentes nestes modelos.
O método, liderado pelo geneticista molecular Jacob Hanna, baseia-se na sua experiência anterior na criação de modelos de embriões de rato sintéticos usando células estaminais.
Em vez de usar óvulos fertilizados ou um útero, a equipa usou como base de cultivo células estaminais pluripotentes derivadas de humanos.
Algumas destas células eram originalmente células da pele maduras que foram revertidas para o estado estaminal, enquanto outras provinham de linhas de células estaminais humanas mantidas em laboratório.
Para alcançar esta proeza, explica o Tech Explorist, a equipa usou uma técnica inovadora desenvolvida pelo geneticista israelita para reverter as células estaminais pluripotentes até um estado em que têm o potencial de se transformar em qualquer tipo de célula.
No decorrer do estudo, as células foram segmentadas em três categorias. As células precursoras do embrião permaneceram intactas. Para desencadear a diferenciação nos tipos de tecido essenciais que suportassem o embrião, foram introduzidos produtos químicos específicos nas células dos outros grupos.
Este processo replica a fase em que um embrião humano natural se implanta no útero, aproximadamente no sétimo dia do seu desenvolvimento.
Hanna e a sua equipa, que introduziram pela primeira vez o método de produção de células estaminais humanas em 2013, melhoraram as suas técnicas ao longo dos anos, estabelecendo as bases para esta pesquisa emblemática.
“Dada a sua complexidade, os modelos de embriões humanos obtidos podem oferecer uma oportunidade sem precedentes de lançar uma nova luz sobre os mistérios do início da formação do embrião, bem como as causas de abortos espontâneos, condições genéticas e defeitos congénitos de órgãos”, explicou Hanna em comunicado publicado no site do Instituto Weizmann.
“Um embrião é desenvolve-se sozinho por definição, não precisamos de lhe dizer o que fazer — só precisamos de libertar o seu potencial codificado internamente”, conclui o investigador.