Alegados hackers da Coreia do Norte tentaram atacar o pessoal sul-coreano que trabalha nas manobras militares conjuntas entre Seul e os Estados Unidos, que devem começar na segunda-feira, disse este domingo a polícia da Coreia do Sul.
Desde abril de 2022 que os hackers, suspeitos de pertencerem ao grupo norte-coreano Kimsuky, têm vindo a lançar “ataques maliciosos por e-mail” contra funcionários do centro conjunto de simulação de guerra, avançou a polícia da região de Gyeonggi Nambu, em comunicado.
“A investigação policial confirma que um grupo de hackers norte-coreanos é responsável pelo ataque“, referiu o comunicado. Embora o grupo tenha conseguido, em janeiro, obter o controlo da conta de email de um dos trabalhadores, a polícia garante que nenhum dado militar foi roubado.
Uma investigação conjunta da polícia sul-coreana e dos militares dos EUA rastreou o endereço usado pelos hackers, identificado em 2014 durante um ataque ao operador de um reator nuclear na Coreia do Sul.
O ataque de 2014 foi atribuído ao grupo Kimsuky, que usa ‘phishing‘, uma técnica em que são enviados enviar anexos com software maliciosos em e-mails aparentemente inofensivos para tentar roubar informações às vítimas.
A Agência de Segurança Cibernética e das Infraestrutura dos EUA disse em 2020 que o Kimsuky é “provavelmente encarregado pelo regime norte-coreano de [realizar] missões de inteligência global”.
O grupo, que parece estar ativo desde 2012, tem como alvo indivíduos e organizações na Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos, e concentra-se em questões de política externa e segurança nacional ligadas à península coreana, política nuclear e sanções internacionais, explicou a agência federal norte-americana.
Ulchi Freedom Shield arranca esta segunda-feira
A Coreia do Sul e os EUA devem lançar na segunda-feira exercícios militares conjuntos programados para durar até 31 de agosto — os Ulchi Freedom Shield — diante das ameaças da Coreia do Norte.
Realizado desde a década de 1970, o exercício anual tem como principal objetivo melhorar a prontidão e a cooperação defensiva entre ambos os países. O exercício combina manobras em campo com simulações computorizadas para treinar a resposta a vários cenários de conflito.
O nome “Ulchi” é uma homenagem a um famoso general coreano do século 7, Ulchi Mundok, que é lembrado pela defesa da Coreia contra uma invasão chinesa.
A presença contínua e escalada de tensões na península coreana torna este exercício um alvo de controvérsias, sendo frequentemente condenado pela Coreia do Norte, que o vê como um ensaio para invasão do seu território.
Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul vão estabelecer um compromisso de segurança trilateral, prevendo consultas no caso de uma crise ou ameaça no Pacífico, segundo fontes da administração norte-americana citadas pelas agências internacionais.
ZAP // Lusa