A morte de milhares de mulheres na era vitoriana foi culpa de… um adereço íntimo e “libertador”

Houve uma peça íntima, do século XIX, que foi símbolo de mudança e liberdade para as mulheres… e também a causa da sua morte.

A 31 de outubro de 1871, uma tragédia desolou a família Wilde. Durante um baile de Halloween, Emily e Mary, meias-irmãs do poeta e dramaturgo Oscar Wilde, sofreram queimaduras graves.

Conta que a BBC, que, enquanto dançavam perto de uma lareira, as duas irmãs viram as crinolinas das suas saias a incendiar.

Esta tragédia é apenas um capítulo na história das crinolinas – um adereço constituído por uma armação, com vários aros e varas flexíveis presos, que formam uma espécie de gaiola, usada por baixo de saias e vestidos para lhes dar volume.

Esta peça de vestuário tornou-se um dos itens mais amados, mas ao mesmo tempo ridicularizados, da moda do século XIX.

A popularidade da crinolina foi tão avassaladora que, apenas um ano após a sua patente com armação de aço, em 1856, o Reino Unido importou cerca de 40 mil toneladas de aço sueco para a sua produção.

No entanto, a crinolina, com a sua armação expansiva e volumosa, trouxe perigos.

O caso das irmãs Wilde não foi único. Em várias ocasiões, a proximidade de crinolinas com fontes de calor – velas ou lareiras, por exemplo – resultou em incêndios fatais.

Mesmo depois de vários episódios que evidenciaram o risco daquele tipo de saia, as mulheres continuaram a usá-las, já que lhes proporcionava uma sensação de liberdade, a que elas não estavam habituadas.

A estrutura metálica elevava a saia, permitindo uma maior mobilidade. Além da mobilidade, a crinolina também oferecia uma espécie de proteção, servindo como uma barreira contra avanços indesejados.

Antes disso, as mulheres usavam saias muito mais justas que lhe restringiam os movimentos. Ou seja, num contexto mais amplo, a crinolina representava algo mais do que apenas uma escolha de moda. Era um símbolo de mudança.

No entanto, também a moda é efémera. Apesar da popularidade inicial, os perigos inerentes e a mudança nos padrões estéticos levaram ao declínio da crinolina.

Por volta de 1869, a tendência começou a mudar e este tipo de saia a ser substituído por outras modas. Mesmo com o seu declínio, a crinolina deixou marca, e é hoje um lembrete do poder da moda – que pode refletir e influenciar a mudanças culturais.

ZAP //

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