Uma das mais antigas plantas da Terra viu os dinossauros chegar e partir, sobreviveu à formação dos Himalaias. Agora, está em risco de extinção.
Um género de musgo, Takakia, é uma das plantas terrestres mais antigas da Terra, existindo desde a época dos dinossauros. Sobreviveu à formação dos Himalaias, há 65 milhões de anos.
No entanto, de acordo com um novo estudo, publicado a semana passada na revista Cell, esta planta terrestre enfrenta atualmente risco extinção, principalmente devido ao impactos da alterações climáticas.
“Estes musgos viram os dinossauros chegar e partir”, diz à revista Nature o biotecnólogo Ralf Reski, investigador da Universidade de Freiburg, na Alemanha, e corresponding author do estudo.
O género Takakia pertence ao grupo das briófitas, que inclui musgos, hepáticas e antóceros. É composto por duas espécies, T. ceratophylla e T. lepidozioides, que são encontradas predominantemente no planalto tibetano, com ocorrências isoladas em locais como o Alasca e a Colúmbia Britânica.
A razão de sua dispersão ainda é incerta.
As características exteriores do Takakia assemelham-se às de outras a plantas antigas, mas a sequenciação do genoma da T. lepidozioides permitiu recentemente clarificar que o Takakia é um tipo raro de musgo, com um grande número de genes que evoluem rapidamente — o maior até agora encontrado numa planta.
Quando os Himalaias começaram a surgir, há cerca de 50 milhões de anos, expondo o ambiente a uma maior radiação ultra-violeta, temperaturas mais frias e mais neve, este musgo teve que se adaptar para sobreviver.
Terão sido estes 121 genes, que evoluíram significativamente ao longo do tempo, a permitir que o musgo resista a condições climáticas extremas. Notavelmente, o musgo tem conteúdo lipídico em maior quantidade do que a habitual, o que o ajuda a combater a radiação ultra-violeta.
Depois de sobreviver durante 165 milhões de anos, o Takakia está agora em risco. Nos últimos 10 anos, a sua população no planalto tibetano diminuiu 1,6% por ano — um declínio mais rápido do que outros musgos locais.
Segundo os autores do estudo, espécies especializadas como o Takakia são particularmente adaptadas a habitats específicos, pelo que são mais suscetíveis às ameaças das mudanças climáticas.
Essa vulnerabilidade é evidente no declínio de Takakia, consistente com o aumento de temperatura de quase 0,5 °C por ano entre 2010 e 2021.
No entanto, as mudanças climáticas podem não ser a única ameaça. Como as briófitas são sensíveis a diversas alterações ambientais, fatores como qualidade do ar e humidade também podem estar também a influenciar o declínio.
Assim, salienta Reski, a causa exata da diminuição da população de Takakia ainda não foi determinada.