O Takakia sobreviveu durante 165 milhões de anos. Está agora à beira da extinção

Stu Crawford / Wikipedia

As características exteriores do Takakia assemelham-se às de outras a plantas antigas, mas a sequenciação do genoma da T. lepidozioides permitiu clarificar que o Takakia é um tipo raro de musgo

Uma das mais antigas plantas da Terra viu os dinossauros chegar e partir, sobreviveu à formação dos Himalaias. Agora, está em risco de extinção.

Um género de musgo, Takakia, é uma das plantas terrestres mais antigas da Terra, existindo desde a época dos dinossauros. Sobreviveu à formação dos Himalaias, há 65 milhões de anos.

No entanto, de acordo com um novo estudo, publicado a semana passada na revista Cell, esta planta terrestre enfrenta atualmente risco extinção, principalmente devido ao impactos da alterações climáticas.

“Estes musgos viram os dinossauros chegar e partir”, diz à revista Nature o biotecnólogo Ralf Reski, investigador da Universidade de Freiburg, na Alemanha, e corresponding author do estudo.

O género Takakia pertence ao grupo das briófitas, que inclui musgos, hepáticas e antóceros. É composto por duas espécies, T. ceratophylla e T. lepidozioides, que são encontradas predominantemente no planalto tibetano, com ocorrências isoladas em locais como o Alasca e a Colúmbia Britânica.

A razão de sua dispersão ainda é incerta.

As características exteriores do Takakia assemelham-se às de outras a plantas antigas, mas a sequenciação do genoma da T. lepidozioides permitiu recentemente clarificar que o Takakia é um tipo raro de musgo, com um grande número de genes que evoluem rapidamente — o maior até agora encontrado numa planta.

Quando os Himalaias começaram a surgir, há cerca de 50 milhões de anos, expondo o ambiente a uma maior radiação ultra-violeta, temperaturas mais frias e mais neve, este musgo teve que se adaptar para sobreviver.

Terão sido estes 121 genes, que evoluíram significativamente ao longo do tempo, a permitir que o musgo resista a condições climáticas extremas. Notavelmente, o musgo tem conteúdo lipídico em maior quantidade do que a habitual, o que o ajuda a combater a radiação ultra-violeta.

Depois de sobreviver durante 165 milhões de anos, o Takakia está agora em risco. Nos últimos 10 anos, a sua população no planalto tibetano diminuiu 1,6% por ano — um declínio mais rápido do que outros musgos locais.

Segundo os autores do estudo, espécies especializadas como o Takakia são particularmente adaptadas a habitats específicos, pelo que são mais suscetíveis às ameaças das mudanças climáticas.

Essa vulnerabilidade é evidente no declínio de Takakia, consistente com o aumento de temperatura de quase 0,5 °C por ano entre 2010 e 2021.

No entanto, as mudanças climáticas podem não ser a única ameaça. Como as briófitas são sensíveis a diversas alterações ambientais, fatores como qualidade do ar e humidade também podem estar também a influenciar o declínio.

Assim, salienta Reski, a causa exata da diminuição da população de Takakia ainda não foi determinada.

ZAP //

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