Nenhum país da Zona Euro registou os números dos bancos de Portugal. As taxas de juro nos empréstimos e nos depósitos fazem a diferença.
Os números recorde das taxas de juro também originam outros números recorde: nos lucros dos bancos.
Em Portugal, os cinco maiores bancos lucraram, juntos, cerca de 2 mil milhões de euros ao longo do primeiro semestre deste ano. É o dobro de 2022.
A margem financeira, também entre Janeiro e Junho, foi de 4.2 mil milhões de euros. Subiu 74% em relação ao primeiro semestre do ano passado.
Esta subida da margem financeira tem uma origem: a maior diferença entre as taxas de juro activas e as taxas de juro passivas.
Por outras palavras, e “traduzindo” o parágrafo anterior, o aumento dos juros nos empréstimos tem sido maior do que o aumento dos juros nos depósitos; os bancos cobram mais pelos empréstimos que cedem do valor que pagam pelos depósitos. E isso aumenta a margem financeira da banca.
O portal Eco destaca que a margem financeira dos bancos portugueses é recorde na Zona Euro.
O diferencial entre as taxas de juro é de 1,3% positivos em Portugal, comparando os dados de Junho de 2022 e Junho de 2023.
É o valor mais alto entre os 20 países da Zona Euro – onde só seis outros países registaram aumento neste contexto: Chipre, Eslovénia, Lituânia, Letónia, Países Baixos e Estónia. Os bancos dos outros 13 países desceram o diferencial entre as taxas de juro activas e passivas.
Estes dados são partilhados no dia seguinte ao anúncio surpresa em Itália: o imposto de 40% sobre lucros extraordinários da banca.
Isto num país onde o diferencial entre as taxas de juro mencionadas até está a baixar, e onde a margem financeira é abaixo de zero, ao contrário de Portugal.
Em Espanha também há um imposto extra sobre a banca. O Bloco de Esquerda já defendeu, mais do que uma vez, uma medida semelhante em Portugal. Mas nada avançou, até agora.