O caso de uma mulher de 31 anos assinala um marco inédito, tendo sido bem-sucedidos, pela primeira vez, transplantes simultâneos de coração e fígado num único paciente. No processo, Adriana também salvou, de certa forma, outra vida.
Duas semanas depois de dar à luz à sua terceira criança, Adriana Rodriguez foi diagnosticada com dissecação da artéria coronária. A condição é rara e afeta essencialmente mulheres jovens sem os fatores de risco cardiovasculares clássicos de doença coronária.
Mais tarde, após vários tratamentos, Adriana descobriu que a sua condição médica tinha causado “danos generalizados e permanentes no seu coração”.
Mas recentemente foi-lhe dada uma segunda oportunidade de vida, após um raríssimo procedimento que envolve transplantar simultaneamente dois órgãos.
Numa custosa cirurgia que durou 17 horas, um coração e um fígado foram inseridos no corpo de Adriana Rodriguez, que se viu num cenário complicado que levou à realização da operação: muito provavelmente não sobreviveria apenas com um transplante de coração.
Transplantes de fígado e coração nunca foram antes feitos em simultâneo. O procedimento baseia-se num conceito de imunidade que, de acordo com comunicado oficial, permite que o fígado de um dador induza imunidade e proteção a um coração transplantado. No fundo, o fígado do dador veio proteger o transplante de coração que Rodriguez tanto precisava.
Inicialmente, a mulher foi submetida ao transplante de fígado para diminuir efetivamente as hipóteses de rejeição do crucial transplante de coração. O seu fígado, saudável, foi então transferido para um paciente com hepatopatia avançada — uma nova vida foi dada a Adriana, que retribuiu o mesmo favor.
A proteção oferecida ao coração pelo fígado é um processo de imunidade misterioso, não se sabendo ao certo entre a comunidade medica como é que acontece.
O procedimento torna-se ainda mais fascinante no caso de Rodriguez, natural de Washington, uma vez que a sua situação médica é extremamente rara em mulheres grávidas.
“Acredita-se que ocorram mudanças hormonais e stress na gravidez que podem tornar as artérias coronárias vulneráveis a essas ruturas”, afirma Daniel Fishbein, especialista em insuficiência cardíaca, no comunicado, que acrescentou que Rodriguez tinha uma “terrível insuficiência cardíaca”.
“Rezo para que nenhuma mulher passe por isto, mas espero que a minha situação as beneficie e lhes traga esperança”, afirmou, segundo o Interesting Engineering, a paciente, após agradecer a todos os envolvidos no seu caso inédito.