Mesmo após a rebelião, o Estado russo mantém os contratos milionários com as empresas de Prigozhin para o fornecimento de catering para as escolas e hospitais públicos.
Várias empresas russas associadas a Yevgeny Progozhin assinaram contratos com o Estado russo no valor de 1,64 mil milhões de rublos (mais de 100 milhões de euros), mesmo já depois da rebelião contra Putin chefiada pelo líder do grupo Wagner.
A notícia foi avançada pela RTVI e replicada pelo órgão russo independente Meduza. Os negócios estarão relacionados com o fornecimento de catering a escolas e hospitais. Recorde-se que Prigozhin fez fortuna no setor alimentar e foi até conhecido como o “cozinheiro de Putin” por ser o responsável pelo catering do Kremlin.
O maior cliente foi o Departamento de Educação da Administração de Mytishchi, perto de Moscovo, que assinou um contrato no valor de mais de 705 milhões de rublos para o fornecimento de refeições escolares entre 2023 e 2025.
Esta revelação parece contrariar a notícia avançada no início de Julho pela Nestka, que avançava que os contratos para o fornecimento de refeições para as escolas na região de Moscovo, que geralmente eram assinados com as empresas de Prigozhin, começaram a ser oferecidos a outros fornecedores.
A continuação dos negócios com Prigozhin seria mais um sinal de que o líder dos mercenários está a receber um tratamento muito mais suave do que outros opositores políticos de Vladimir Putin.
Nos últimos meses, Prigozhin estava a subir o tom das suas críticas ao Governo russo, especificamente ao Ministério da Defesa e ao Ministro Sergei Shoigu, que acusava de estar a sabotar os esforços do grupo Wagner na Ucrânia e de não fornecer munições e equipamentos militares suficientes.
Houve ainda rumores de que Prigozhin terá tentado fazer um acordo com a Ucrânia onde oferecia a localização dos soldados russos em troca da retirada das tropas de Kiev das imediações de Bakhmut.
A tensão culminou com uma insurreição e uma marcha até Moscovo liderada por Prigozhin, que acabou por ser abortada. Na sequência da rebelião, o líder da companhia militar privada terá ido para a Bielorrússia, mas desde então já teve a oportunidade de se reunir com o Presidente russo.
No decurso da reunião, a liderança do grupo Wagner garantiu que continua a ser leal a Vladimir Putin e até entregou mais de 2000 unidades de equipamentos e armas ao Ministério da Defesa russo.