“É possível arranjar trabalho a todos que precisam”. Um novo projeto piloto, na Áustria, ensina como se dá a volta ao problema do desemprego.
A Áustria diz ter “o primeiro projeto do mundo, no combate ao desemprego de longa duração”.
Gramatneusiedl, uma vila perto de Viena (capital austríaca), tem agora uma taxa de desemprego zero, depois de assegurar trabalho a todos os 129 desempregados de longa duração que lá viviam.
O economista Oliver Picek, do Instituto Momentum de Viena, disse à AFP que, com este projeto, vai ser “possível arranjar trabalho a todos que precisam”, erradicando um problema “teimosamente difícil”, entre aquela comunidade.
O MAGMA é o nome do projeto piloto que está a oferecer emprego em carpintaria, jardinagem, costura e outros trabalhos do setor primário que a comunidade ou as empresas locais estão a precisar.
De acordo com a agência de notícias francesa, os participantes vão receber formações, durante quase dois meses, para identificarem os seus objetivos e pontos fortes.
Está abrangido neste projeto quem estiver desempregado há mais de um ano. O objetivo é deixar a cidade com zero desempregados, encontrando novas vocações.
Apesar da taxa de desemprego da Áustria estar abaixo da média da União Europeia – 4,6% -, o país tem escassez de mão de obra em muitos setores.
O mercado de trabalho de Gramatneusiedl é típico daquela região austríaca, sendo, por isso, um campo de teste perfeito. A vila de 4000 habitantes também foi objeto de um estudo pioneiro, sobre o desemprego em massa durante a Grande Depressão de 1929.
“Voltei a ter planos para o futuro”
A AFP esteve à conversa com três ex-desempregados, que participam no projeto MAGMA.
Sarah Sklenicka era técnica de sistemas elétricos. Disse que voltar ao mercado de trabalho foi um “grande desafio“.
“Agora sinto-me muito mais confiante para me candidatar a um lugar. Tenho a sensação de que posso realmente fazê-lo e ter um emprego fora do projeto”, disse Sarah, que atualmente fabrica e restaura móveis, em part-time.
A mulher de 37 anos tinha passado largos anos em casa, a criar os dois filhos.
Yasemin Yaman teve depressão e ataques de pânico, por não conseguir arranjar emprego, depois de ser mãe.
“Ficava sozinha até as 15h, quando os meus filhos voltavam da escola, e percebi que algo estava errado”, contou Yasemin, mãe de três filhos.
Atualmente, com 38 anos, trabalha 30 horas semanais em carpintaria e costura, e diz-se “forte para começar de novo“.
Robert Leisser está entre um terço dos participantes do projeto que têm um emprego permanente. Trabalha numa carpintaria local.
“Tornei-me ativo e, depois de dois anos no projeto, voltei a ter planos para o futuro“, disse Robert, de 37 anos, que lutou contra o vício das drogas, no passado.
De acordo com a AFP, um estudo da Universidade de Oxford encontrou “fortes impactos positivos, no bem-estar económico e não económico dos participantes”.
O projeto piloto MAGMA estará em vigor durante quatro anos.