BCE: juros voltam a subir. “É melhor isso do que meter a cabeça na areia”

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Lewis Joly/EPA

Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu

Lagarde confirmou rapidamente uma das “três verdades desconfortáveis para a política monetária” europeia.

Marcelo Rebelo de Sousa tinha dito, na segunda-feira, que estava “muito curioso” para saber o que os banqueiros centrais iriam dizer sobre a inflação e sobre a taxa de juros.

O presidente da República não precisou de esperar muito: os juros na Zona Euro vão mesmo continuar a subir.

Em Sintra, palco do fórum anual do Banco Central Europeu, Christine Lagarde avisou que o pico dos juros ainda não chegou. E não estará próximo.

A presidente do Banco Central Europeu inaugurou o evento, na manhã desta terça-feira, e reforçou que há uma incerteza global em relação à inflação e à reacção da economia à estratégia de combate à escalada dos preços.

Outra preocupação é a extensão da transmissão da política monetária: a Zona Euro não passava por tantos aumentos nos juros há muito tempo – nenhum aumento foi tão rápido como este.

“Nestas condições, é improvável que, no curto prazo, o banco central tenha capacidade de afirmar com confiança que o pico dos juros foi alcançado. É por isso que a nossa política tem de ser decidida reunião a reunião e tem de se manter dependente dos dados. O nosso trabalho não está terminado“, disse Lagarde.

“É melhor assim”

Assim, precisamente daqui a um mês, no dia 27 de Julho, vai ser anunciado mais um aumento dos juros na Zona Euro.

“Vamos ter que nos habituar a taxas de juro mais altas. Não são boas notícias. Mas é melhor conhecemos a realidade do que metermos a cabeça na areia e, depois não termos maneira de enfrentar os problemas”, reagiu Helena Garrido na Antena 1.

“Os juros vão continuar a subir e continuar altos mais tempo do que se previa. A inflação está a resistir, não está a descer como se previa”, lembrou a economista, citando um discurso do dia anterior.

Na segunda-feira, também em Sintra, a vice-diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI) tinha dito que “a inflação está a demorar demasiado tempo” a regressar às metas definidas pelos bancos centrais. Por isso, os banqueiros centrais têm de ser frios e não ceder se a economia abrandar.

“O excesso de procura de consumo só se combate com o aumento da taxa de juros. Infelizmente, não se conhece outra terapia para dar cabo da inflação”, analisou Helena Garrido.

Gita Gopinath, do FMI, aconselhou os Governos da Zona Euro a aplicarem medidas orçamentais restritivas. Se o Banco Central Europeu tirar dinheiro da economia mas, ao mesmo tempo, os governos estiverem a colocar dinheiro na economia, os juros subirão ainda mais.

A responsável do FMI tem noção de que o sistema financeiro pode abalar com esta subida recorde das taxas de juro, sobretudo do impacto nos países com dívidas maiores – que precisam mais de empréstimos (tal como Portugal).

Gita Gopinath também reforçou que as altas taxas de juro e a pressão sobre a inflação vão fazer parte do dia-a-dia.

Tudo isto num discurso intitulado ‘Três verdades desconfortáveis para a política monetária europeia’.

ZAP //

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