Cientistas descobrem um novo método não invasivo que promete suavizar ou mesmo acabar com a ansiedade através da edição de genes.
Quem sofre de ataques de ansiedade, pode ter esperança graças a uma nova tecnologia.
Em cada 10 pessoas, esses ataques surgem – ou surgiram – em 6 pessoas, no planeta. A ansiedade é um mecanismo natural do ser humano que o ajuda a… sobreviver.
No entanto, sobretudo se se prolongarem, os ataques de ansiedade podem alterar a genética da pessoa afectada, além de mudanças bioquímicas e estruturais nos neurónios da amígdala cerebral, lembra o El Confidencial.
Os ansiolíticos não costumam resultar em pleno. Porque não há uma compreensão suficiente do mecanismo neural e dos eventos moleculares que dão origem a estados neuropsiquiátricos relacionados com o stress.
CRISPR
Para tentar dar a volta a essa situação, surge a CRISPR – Clustered Regularly Spaced Short Palindromic Repeat.
A tecnologia foi utilizada por investigadores da Universidade de Oxford (Reino Unido) e é conhecida como “tesoura molecular”.
O estudo foi publicado nesta semana no PNAS Nexus.
Esta tecnologia, uma ferramenta genética, pretende eliminar um gene que causa ansiedade.
O portal New Atlas explica que a CRISPR utiliza a enzima Cas9 para editar com precisão o DNA associado a doenças.
Os cientistas testaram se a administração intranasal da CRISPR pode atravessar a barreira hematoencefálica e desligar o gene do receptor de serotonina (HTR2A), que modula a sua disponibilidade.
A falta de serotonina está ligada à ansiedade e à depressão. Por isso, os medicamentos inibidores selectivos da recaptação da serotonina (ISRSs) são frequentemente prescritos para aumentar os níveis desse neurotransmissor no cérebro.
Esta técnica intranasal permite chegar ao sistema nervoso central através das vias nervosas. Método prático e não invasivo.
Nas experiências realizadas em ratos, houve redução significativa da ansiedade.
Gene identificado e modificado
Noutro estudo, publicado na Nature, cientistas das Universidades de Bristol e Exeter identificaram o gene cerebral que causa os sintomas de ansiedade.
Mais do que isso: mostraram que modificá-lo pode reduzir significativamente o seu impacto.
O foco foram as moléculas de micro-RNA, que regulam várias proteínas e controlam processos celulares na amígdala.
Em nova experiência com ratos pós-stress agudo, verificou-se que a quantidade de um tipo de molécula chamada miR483-5p aumenta na amígdala do animal.
O aumento no miR483-5p suprime a expressão de um gene chamado PGAP2, que controla as alterações induzidas pelo estresse no cérebro.
Assim, conseguiram decifrar os mecanismos moleculares e celulares que os micro-RNAs (estrategicamente posicionados para controlar doenças neuropsiquiátricas) usam para regular a resiliência e a susceptibilidade ao stress eram desconhecidos.
Esta via miR483-5p/PGAP2 oferece um enorme potencial para o desenvolvimento de terapias ansiolíticas para tratamentos complexos doenças psiquiátricas em humanos, acredita Valentina Mosienko, uma das autoras do estudo.
Estas duas novas descobertas são promissoras em relação ao tratamento dos casos mais graves da ansiedade – que não têm um tratamento eficaz.