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Austrália mata 50 mil gatos de rua por ano (mas está a tentar mudar isso)

A quantidade de gatos nas ruas é um problema num país que tem tomado medidas – cruéis e ineficazes.

Se há países onde os gatos nas ruas são reis, como na Turquia, há países onde os gatos nas ruas são um problema, como na Austrália.

Há quem olhe para esta questão mesmo como um drama nacional. E antigo, diga-se.

As pessoas queixam-se de cenas de violência, de urina, de riscos de doenças para humanos e outros animais e de predação de animais selvagens nativos.

Há muitos gatos nas ruas da Austrália. Demasiados, aparentemente.

E, por isso, matam-se cerca de 50 mil gatos por ano. A maioria deles é jovem e saudável quando morre.

Um estudo publicado na revista Animals tenta combater este número. Começa por mostrar que, entre 2018 e 2019, quase 180 mil gatos foram acolhidos – entre canis, grupos de resgate, instituições. 5% foram recuperados pelos proprietários, 65% realojados e 28%, mortos.

Mas os canis municipais mataram 46% de todos os gatos que receberam. Com destaque para Nova Gales do Sul e Victoria, onde houve locais que mataram todos os gatos que receberam.

E essa “exterminação” também tem consequências para as pessoas que estavam habituadas a conviver ou a alimentar com o gato: trauma, depressão, abuso de substâncias e aumento do risco de suicídio.

O portal The Conversation sublinha outro aspecto: prender e matar gatos é caro e não funciona. Porque continua a haver milhares e milhares de gatos e as eventuais consequências continuam aí.

Refira-se que a maioria de gatos de rua não são gatos selvagens. Os primeiros, como estão em áreas urbanas e periféricas, são todos considerados gatos domésticos.

Os gatos selvagens vivem e reproduzem-se na natureza, não em cidades ou vilas perto de pessoas. E estes, os selvagens, não são o motivo das queixas da população.

Mas este também é um problema: há gatos vadios classificados como gatos selvagens – o que impede soluções eficazes para o problema.

A maioria dos gatos de rua que entram em canis e abrigos são de áreas mais pobres e provavelmente são gatos de “semitutores” – pessoas que não têm o gato em casa mas que o alimentam na rua, diariamente, e que acabam por criar um vínculo emocional (e natural) com o animal.

O estudo apresenta duas sugestões para diminuir o número de gatos assassinados por ano.

A primeira é ajudar esses “semitutores”, sobretudo das áres mais pobres: inventivos à castração.

A segunda ideia é apostar em programas comunitários pró-activos para gatos. Reduzem o número de reclamações, reduzem a necessidade de resgate, reduzem a matança de gatos.

Aqui, é dado o exemplo de Banyule, Victoria: um programa gratuito para microchip e registo de gatos de propriedade e semipropriedade, com foco nos subúrbios, diminuiu em 74% o número de mortes de gatos na cidade.

É que mais de metade dos gatos que entram em canis e abrigos são gatos com menos de meio ano de idade. Os programas comunitários, acreditam os autores do estudo, são necessários já, em toda a Austrália – para proteger os gatos, a vida selvagem nativa e as pessoas.

ZAP //

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