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Centenas de peritos, uma carta, uma só linha: a IA coloca a Humanidade em risco de extinção

A Inteligência Artificial representa riscos significativos para a humanidade, e a mitigação destes riscos deve ser uma prioridade global, alertam figuras proeminentes da indústria tecnológica, incluindo executivos da Microsoft e do Google.

Os líderes mundiais devem dedicar-se a reduzir “o risco de extinção” da humanidade representado pela Inteligência Artificial, pediu esta terça-feira um grupo de empresários e especialistas do setor das tecnologias.

A declaração foi assinada por centenas de personalidades da indústria, ciência e tecnologia, incluindo o próprio Sam Altman, CEO da OpenAI e criador do ChatGPT, e o conceituado cientista Geoffrey Hinton, considerado o “padrinho da Inteligência Artificial” — que recentemente se disse arrependido do seu papel no advento da IA.

Propositadamente, a declaração, que foi publicada no site do Center for AI Safetytem apenas uma frase: “A mitigação do risco de extinção proveniente da IA deve ser uma prioridade global, juntamente com outros riscos de escala social, como pandemias e guerra nuclear“.

Não é a primeira vez que personalidades da indústria, ao mesmo tempo que angariam e investem milhares de milhões de dólares em IA, assumem publicamente estar preocupados com as possibilidades assustadoras desta tecnologia emergente.

Há cerca de dois meses, recorda a Associated Press, 1.100 personalidades, entre as quais o bilionário fundador da Tesla e SpaceX Elon Musk, assinaram uma carta aberta na qual pediam uma pausa de 6 meses no desenvolvimento da IA — até que pudessem garantir a sua total segurança.

Apesar deste apelo, gigantes tecnológicas como a própria OpenAI, Microsoft e Google recusaram aderir à pausa sugerida, argumentando que estes avisos de risco existencial exageram as capacidades dos seus produtos e “desviam a atenção das medidas urgentes necessárias para combater problemas reais”.

Este mês, Sam Altman advertiu que o ChatGPT pode ser a nova “bomba atómica” e pediu ao governo norte-americano “controlo e regulação da inteligência artificial”.

O criador do ChatGPT foi claro e não teve problemas em admitir: esta “é uma tecnologia que pode dar errado. Somos sinceros e queremos trabalhar com o governo para evitar que isso aconteça”.

O desenvolvimento acelerado de chatbots dotados de inteligência artificial cada vez mais poderosos tem despertado a atenção de autoridades governamentais e legisladores, que consideram urgente regulamentar esta tecnologia emergente.

A Europa está atualmente na vanguarda destas iniciativas com a AI Act, cuja aprovação está prevista para o final deste ano.

A carta de advertência foi também endossada por especialistas em diversas áreas da ciência, como energia nuclear, pandemias e mudanças climáticas, incluindo o escritor Bill McKibben — umas das primeiras pessoas a soar o alarme acerca das alterações climáticas, no seu livro “The End of Nature”, publicado em 1989.

“Dada a forma como ignorámos há 35 anos os avisos precoces acerca das alterações climáticas, talvez fosse inteligente desta vez dar alguma atenção aos problemas que podem ser levantados pela evolução da Inteligência Artificial — antes que seja tarde demais“, alertou recentemente o escritor.

Armando Batista, ZAP //

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