Rússia recruta reclusos infetados com VIH com promessa de anti-virais

Oleg Petrasyuk / EPA

Cerca de um quinto dos reclusos enviados para combater na Ucrânia são seropositivos, de acordo com estimativas das autoridades ucranianas.

Ao New York Times, vários revelaram que lhes foram prometidos medicamentos anti-virais se concordassem em combater. Um dos reclusos contou que aceitou a oferta para lutar na Ucrânia porque o sistema prisional russo privou-o de medicamentos eficazes de que precisava para sobreviver.

Timur, de 37 anos, disse ao jornal que na prisão foi colocado a tomar medicamentos contra o VIH que acreditava não serem eficazes, receando não sobreviver com estes tratamentos durante o período em que cumpria a sentença.

Ao mesmo jornal, indicou que, em dezembro, foi-lhe oferecida uma alternativa: seis meses com o Grupo Wagner a lutar na Ucrânia em troca de um perdão e de acesso a anti-virais.

“Compreendi que teria uma morte rápida ou lenta”, disse, referindo-se ao elevado número de mortos entre os membros do Grupo Wagner. “Escolhi uma morte rápida”.

Embora os tratamentos anti-virais não curem o VIH, podem reduzir as cargas virais, tornando as pessoas menos suscetíveis a doenças causadas por um sistema imunitário enfraquecido.

Outro soldado seropositivo que lutou com o Wagner, identificado apenas como Ruslan, disse ao jornal que juntou-se ao grupo em dezembro, um ano após ter recebido uma pena de 11 anos por tráfico de drogas.

Na altura temia pela vida porque os medicamentos que estava a receber numa colónia penal não estavam a suprimir a sua carga viral de VIH. Em 2022, esteve de cama com uma pneumonia e, depois, adoeceu num campo de treino para o Grupo Wagner.

De acordo com o New York Times, Ruslan acreditava que ia morrer na prisão em consequência do fraco tratamento que recebia, pelo que, em última análise, estava grato por receber uma oferta para lutar em troca de medicamentos.

O Grupo Wagner é a principal força pró-russa que luta atualmente para capturar a cidade ucraniana de Bakhmut.