A Comissão apertou as regras em resposta às críticas e os responsáveis já não podem aceitar viagens pagas por terceiros.
A Comissão Europeia está sob fogo após o Politico revelar que responsáveis de vários departamentos fizeram viagens em 2022 pagas por grupos de interesse.
De acordo com os documentos, os responsáveis pela competição na Comissão Europeia fizeram 150 viagens que foram “totalmente ou parcialmente pagas por terceiros”. Destas 150, 23 foram pagas pelo menos parcialmente por grupos de interesse, como empresas de consultoria ou firmas de advogados.
As revelações estão a gerar preocupações em torno da transparência das decisões da Comissão, numa altura onde já há receios de que os políticos são demasiados próximos dos lobbys e no rescaldo do escândalo do Qatargate que abalou o Parlamento Europeu.
“Isto é deplorável“, considera René Repasi, eurodeputado alemão pertencente à Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, que frisa que o risco de os funcionários estarem a viajar às custas de empresas que a Comissão investiga “levanta dúvidas infelizes sobre a imparcialidade” da unidade que regula o direito à concorrência.
No mês passado, a Comissão apertou as suas próprias regras de transparência sobre as despesas de viagens após a revelação de que o ex-chefe dos transportes da União Europeia, Henrik Hololei, aceitou voos gratuitos para o Qatar.
Os responsáveis já não podem aceitar viagens e estadias patrocinadas, a não ser que sejam pagas por universidades, governos de estados-membros da UE e grandes organizações interenacionais, como a ONU.
As regras da Comissão são agora mais parecidas com as regulamentações do Parlamento Europeu, que definem que os eurodeputados têm de declarar publicamente quaisquer benefícios ou viagens que recebam de terceiros até ao fim do mês em que receberam esses presentes.
Os efeitos das mudanças das regras já são aparentes, com vários responsáveis a dizer que tiveram de cancelar a participação em conferências ou participar remotamente devido às limitações orçamentais da Comissão.
“Acho que é muito importante que não travemos o nosso trabalho porque todas as missões são justificadas. Não fazemos viagens por prazer, mas por trabalho“, refere Margrethe Vestager, comissão da competição.
Anda a Europa a tentar dar lições de democracia e transparência ao Mundo quando ela própria tem tanto a aprender e fazer. Depois admiram-se que o resto do mundo os mande à fava…
E isto é só o que se sabe. Imaginem em que base é que são feitas montes de decisões que impactam negativamente as nossas vidas, enquanto estes parasitas enchem a mula.