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O vinho de cocaína que foi endossado pelo Papa e inspirou a Coca-Cola

No século 19, o químico francês chamado Angelo Mariani criou o Vin Mariani, um vinho de cocaína, adorado tanto por Presidentes como por papas.

A folha de coca andina foi utilizada pelo povo indígena aymara durante milhares de anos. Para isolar a substância, os utilizadores tinham de mastigar as folhas, o que limitava a quantidade de cocaína que cada um podia extrair, relatou o IFL Science.

Angelo Mariani queria criar um processo de extração mais fácil – e fê-lo com vinho. O químico inventou um potente tónico que era uma mistura de vinho de Bordéus com seis miligramas de folha de coca, brandy e açúcar. Dois copos desta bebida continham cerca de 50 miligramas de cocaína.

O inventor comercializou a bebida como uma cura para vários males, um reforço energético, um aperitivo, um digestivo e um suplemento para crianças, desde que a dose diária recomendada para adultos fosse reduzida para metade. Batizou a bebida com o nome de Vin Mariani.

O químico arrendou uma loja e as pessoas afluíram ao local para provar o produto. Foi tão bem sucedido que decidiu explorar o mercado ultramarino.

O maior problema com esta bebida não era o facto de conter cocaína, mas o facto de conter pouca quantidade. Quando Angelo Mariani tentou exportá-la, teve de aumentar a percentagem de cocaína de 6 miligramas para 7,2, pois na América estavam habituados a que as bebidas de coca tivessem uma maior quantidade da substância.

Todos adoravam o produto, e o químico tinha muitos seguidores – incluindo Thomas Edison, o Presidente dos Estados Unidos Ulysses S. Grant, e o Papa Leão XIII.

De facto, o Papa Leão XIII adorou-o tanto que concedeu a Angelo Mariani um prémio inventado, a “medalha de ouro do Vaticano”, e permitiu-lhe o uso gratuito da sua imagem em qualquer publicidade.

O próprio Para consumia a bebida para “fortificar-se nos momentos em que a oração era insuficiente”. Também o Papa Pio X era um apreciador do Vin Mariani.

Com a popularidade, as pessoas começaram a imitar a bebida. O coronel John Pemberton, químico e um médico – que ficou viciado em morfina ao tentar aliviar a dor dos ferimentos contraídos na Guerra Civil -, criou uma cópia do Vin Mariani e chamou-lhe de Vinho Francês de Coca de Pemberton.

Devido aos decretos de proibição de Atlanta e do Condado de Fulton de 1886, Pemberton teve de alterar ligeiramente a receita. Não removeu a cocaína, mas trocou o vinho por água gaseificada. E assim nasceu a Coca-cola. Só por volta de 1903 é que a cocaína foi retirada, mas a folha de coca ainda é utilizada hoje em dia.

Em 1914, Angelo Mariani morreu e levou os segredos da sua invenção para a sepultura. Até que a empresa Babco Europe decidiu revitalizar a bebida, utilizando documentos do final do século 19 e técnicas avançadas de farmacopeia. Isto permite agora que o público – em certos países – volte a ter acesso à bebida.

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