Um grande ataque ao Espaço ocorrerá em 2023, dizem especialistas militares

PIRO4D / Pixabay

As atuais tensões, que aumentaram desde o início da guerra na Ucrânia, serão também transferidas para o Espaço, de acordo com alguns peritos em segurança militar que estimam que 2023 assistirá ao primeiro grande ataque cibernético em satélites como o Starlink, da SpaceX.

Neil Sherwin-Peddie, diretor de segurança espacail da BAE Systems Digital Intelligence e presidente da Space Security Information Exchange (SSIE), disse que a sua análise baseia-se não só nas tendências em mudança após a invasão russa, mas também em relatórios que alertam para possíveis ataques a redes como a Starlink ou episódios como o ataque à rede de satélites norte-americana ViaSat.

Segundo o El Confidencial, os Estados Unidos (EUA), a União Europeia (UE) e o Reino Unido consideram que ‘hackers’ russos realizaram o ataque apenas uma hora antes de as tropas do Kremlin invadirem a Ucrânia. Estes desativaram dezenas de milhares de ‘routers’ com ligações via satélite à rede KA-SAT, operada pela ViaSat, afetando ainda cerca de 6.000 turbinas eólicas na Alemanha.

Neil Sherwin-Peddie explicou que existem três formas de realizar ataques: no terreno, intercetando as comunicações do satélite ou desviando carga útil.

“Do ponto de vista da estação terrestre, as vulnerabilidades de segurança física são provavelmente o alvo. Isto permitir-lhes-ia assumir o controlo das naves espaciais, desativar as ligações de comunicação ou capturar todas as transmissões terrestres”, indicou o especialista.

As comunicações, continuou, serão os alvos principais dos ataques. O movimento constante de satélites em torno da órbita baixa da Terra faz com que passem território potencialmente hostil a partir do qual as comunicações podem ser interrompidas.

Além disso, a adoção crescente da comunicação espacial ponto-a-ponto a laser – que promete velocidades de transmissão de vários gigabits por segundo, semelhantes às da Terra – torna-o um alvo fácil para os atacantes que poderiam intercetá-los.

CV

Starlink, projeto da SpaceX

“Se a segurança não for efetivamente aplicada, então sim, pode ser potencialmente um risco. O adversário pode utilizar sistemas de cegueira no caminho destes satélites para capturar imagens ou dados de radiofrequência”, indicou Neil Sherwin-Peddie.

O último vetor de ataque é o sequestro de carga útil, que envolve a infeção de sistemas de satélite com ‘malware’. “Princípios DevSecOps [que propõem a implementação de segurança durante a fase inicial do desenvolvimento de ‘software’] mal desenvolvidos podem levar à introdução de ‘malware’ em código COT”, frisou.

“A falta de conhecimento sobre código e aplicações pode permitir a um ‘hacker’ atacar uma carga útil de uma nave espacial e executar tarefas sem ser detetado”, sublinhou.

Dan Blumberg, presidente da Agência Espacial de Israel e membro da Academia Internacional de Astronáutica, disse à Airforce Technology que o perigo de tais ataques é exacerbado pela lentidão da indústria espacial em implementar mudanças.

O professor disse que muitas naves espaciais têm sistemas operativos e ‘software’ antigos e desatualizados baseados em Fortran, uma linguagem de programação desenvolvida pela IBM nos anos 50.

“Temos dispositivos que cada vez mais influenciam aspetos da nossa vida. Não significa que seremos vítimas de ataques maliciosos, mas haverá pessoas que quererá tentar, tentar a sua sorte, tentar atacar”, avançou o professor.

“Também podem ocorrer ataques maliciosos. A probabilidade de isso acontecer cresce à medida que as tensões globais aumentam e temos visto isso recentemente com a guerra na Ucrânia. Concordo certamente que existe um risco elevado de algum tipo de ataque”, concluiu.

ZAP //

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