Autora do crime terá tentado o suicídio após o matar o marido, mas não foi bem sucedida.
Não são só os cães que podem ajudar as autoridades a resolver crimes ou a apanhar os seus autores. No Michigan, estado dos EUA, foi a vez de um papagaio assumir esse papel.
Em causa está o homicídio de Martin Duram, que remonta a maio de 2015, e que ocorreu em sua casa, onde foi alvejado cinco vezes. Num primeiro momento, a sua mulher Glenna foi encontrada ao seu lado, também com ferimentos que pareciam ser causados por um único disparo.
O casal foi descoberto dois dias após o episódio por uma vizinha com quem, aparentemente, costumava falar todos. Só com a chegada das autoridades, que conferiram a pulsação de ambos, foi possível perceber que Glenna estava, afinal, viva. Dois anos depois foi considerada culpada do homicídio do seu marido, após oito horas de deliberações.
De acordo com o site Vice, os relatórios da polícia revelaram como o casal tinha tido problemas financeiros no período que antecedeu o tiroteio, que tinha sido exacerbado pelo vício de jogo de Glenna.
Para além da arma do crime, que havia de ser encontrada por baixo do seu assento, na viatura do casal, houve outro dado que também se tornou uma prova chave: um papagaio. Após a morte de Martin, a sua ex-mulher Christina Keller acolheu o seu papagaio de estimação Bud, e reparou que este começou a repetir a expressão “Não dispare!“.
“Pensei que era uma peça do enigma“, disse Keller aos media norte-americanos. “Penso que são possíveis as últimas palavras. Acredito verdadeiramente, com todo o meu coração, que a maior parte disso vem daquela noite”. Depois do choque inicial, Keller decidiu gravar a frase do papagaio.
A gravação acabou por não ser usada em tribunal, mas foi considerada como uma opção pela acusação, tendo o Procurador do Condado de Newago, Robert Springstead, dito na altura que “há algumas provas que sustentam” a teoria da ex-mulher.
Keller acrescentou: “Examinei o relatório da polícia. Cerca de quatro vizinhos disseram: “Precisa de falar com aquele pássaro”. “Sei que parece ridículo, mas o Bud é inteligente e as pessoas acreditam que ele testemunhou tudo”.
Em 2019, o pedido de Glenna para um novo julgamento foi negado pelo Tribunal de Recurso do Estado, tendo a autora do crime reivindicado que os seus direitos foram violados quando os procuradores utilizaram dados extraídos de telemóveis como prova no caso.
No ano seguinte, o Supremo Tribunal anunciou que não lhe seria permitido recorrer da decisão, apresentando uma negação que dizia que o tribunal “não estava convencido de que as questões apresentadas deveriam ser revistas”.