“Matei 25 combatentes e não tenho vergonha”. Príncipe Harry coloca um alvo nas costas para os talibãs

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O filho do rei Carlos III está a ser criticado no Reino Unido após confessar ter matado 25 combatentes quando serviu na guerra no Afeganistão. A revelação suscitou protestos e ameaças dos talibãs.

Não são só os ataques e acusações contra a família real que o Príncipe Harry tem feito na promoção da sua autobiografia que estão a fazer correr muita tinta. O livro — entitulado “Spare” (“Suplente”, em tradução livre) — só saiu oficialmente esta terça-feira, mas a imprensa teve acesso prévio a excertos que estão a dar muito que falar.

Uma das revelações que está a causar mais polémica é quando Harry afirma que matou 25 combatentes talibãs quando serviu as forças britânicas no Afeganistão e que não se sente nem “satisfeito” nem “envergonhado” disso.

“Na verdade, não podemos magoar pessoas se não as vemos como pessoas. Eles eram peças de xadrez que foram retiradas do tabuleiro, vilões eliminados antes de poderem matar os heróis. Treinaram-me para os ver como ‘o outro’ e treinaram-me bem”, relata o filho mais novo do rei Carlos II.

“Quer segurança à custa dos contribuintes”

O excerto está a ser amplamente criticado no seu país natal. Em declarações ao Telegraph, Richard Kemp, ex-coronel do exército britânico, condenou a revelação e avisou que os comentários podem “provocar” os talibãs e os seus seguidores a “atacar o Reino Unido“.

Já o Almirante Lord West, antigo chefe da marinha britânica, explica ao Sunday Mirror que as declarações “muito estúpidas” de Harry põem em causa a segurança dos Invictus Games — um projecto desportivo que o príncipe iniciou que consiste na organização de jogos e competições entre veteranos feridos.

Tobias Ellwood, presidente do comité de Defesa no parlamento britânico, refere ainda que há uma “suposição não-oficial de que ninguém discute publicamente os números de mortos pela razão principal de que pode ter repercussões de segurança”.

O duque de Sussex está ainda a ser acusado de tentar usar estes potenciais riscos de segurança como argumento na batalha que está a travar com o Ministério do Interior britânico, exigindo que o Estado pague a segurança para si, a sua mulher, Meghan Markle, e os dois filhos do casal.

Alan Mendoza, do grupo Henry Jackson Society, explica ao The Sun que os comentários de Harry parecem “calculados”.

“As revelações do príncipe Harry sobre o número de talibãs que terá matado, quer sejam verdadeiras ou não, parecem calculadas para conseguirem apenas um objectivo: conseguir mais segurança à custa dos contribuintes britânicos. Tudo o que ele conseguiu foi ajudar a lavar a imagem de um regime desprezível com os seus comentários mal enquadrados”, considera.

O especialista na família real Richard Fitzwilliams concorda. “Ocorreu-me que ele está a usar esta confissão invulgar para pressionar o Ministério do Interior a dar-lhe o que ele quer, ou que lhe deem protecção policial quando ele está cá ou, como alternativa, que tenha acesso à segurança financiada pelos contribuintes que perdeu quando abandonou os deveres reais com a Meghan”, explica ao Daily Mail.

“Ele está a desafiar o Ministério do Interior em tribunal neste assunto. Agora pode dizer com credibilidade que está sob ameaça“, acrescenta.

Talibãs exigem julgamento de Harry

As preocupações no Reino Unido não são infundadas. Pouco depois de ser conhecido o excerto da autobiografia de Harry, os talibãs condenaram imediatamente os comentários e teceram ameaças.

Um grupo de responsáveis talibãs na província de Helmand, onde as forças britânicas estiveram entre 2006 e 2014, exigiu que o príncipe fosse julgado pelos assassinatos.

“Se Harry se considera um membro de um mundo civilizado, isto é uma vergonha para ele. É uma vergonha ainda maior ele dizer aquilo com orgulho, como uma pessoa analfabeta de uma sociedade pobre, sem conhecimento ou educação”, considera Hameedullah Hameedi, membro do conselho da província.

“Não queremos apenas que ele seja acusado no tribunal internacional, mas também exigimos que a comunidade internacional o castigue o mais rapidamente possível. Isto vai obviamente ter um impacto nas relações britânicas e afegãs porque as pessoas sabem que um soldado que pertence à família real fez 25 mártires afegãos e cometeu estes crimes”, acrescenta, em declarações à Sky News.

Samiullah Sayed, vice-director da educação in Helmand, frisa: “Enquanto uma nação independente, nunca vamos esquecer a brutalidade, selvageria e crueldade que cometeram contra a nossa nação e o nosso povo”.

Cerca de 20 estudantes e professores também protestaram contra Harry e a ocupação ocidental no Afeganistão numa Universidade local, brandindo cartazes com imagens do príncipe com cruzes vermelhas por cima.

“As crueldades cometidas pelo príncipe Harry, os seus amigos ou qualquer outra pessoa no Afeganistão são inaceitáveis. Estes actos vão ser lembrados pela história”, comentou Sayed Ahmad Sayed, professor na Universidade.

Adriana Peixoto, ZAP //

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1 Comment

  1. Pronto, já cá estão os criminosos afegãos a armarem-se em pobres vítimas do Ocidente “satânico”. Mas quem tem pena destes energúmenos primitivos?

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