Quem é Ibaneis Rocha, o governador de Brasília suspenso após o ataque ao Congresso?

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Agência Brasília / Flickr

Após a invasão e depredação das sedes dos três poderes em Brasília, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu afastar o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), do cargo durante 90 dias.

No domingo, as forças de segurança do Distrito Federal não contiveram os apoiantes do do ex-presidente Jair Bolsonaro que invadiram e destruíram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF.

A decisão de Moraes explica que houve “omissão e conivência de diversas autoridades da área de segurança e inteligência”.

Segundo o ministro, “a escalada violenta dos atos criminosos” que resultou na invasão dos três prédios públicos “somente poderia ocorrer com a anuência, e até participação efetiva, das autoridades competentes pela segurança pública e inteligência, uma vez que a organização das supostas manifestações era um facto notório e sabido, que foi divulgado pelos media brasileiros”.

Com o afastamento de Ibaneis, quem assume o governo do DF é a vice, Celina Leão (PP).

Antes da decisão do Supremo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já tinha decretado a intervenção federal na segurança do DF até 31 de janeiro, colocando a União no comando das competências do DF nessa área. Agora, cabe ao Congresso Nacional analisar o decreto.

Quem é Ibaneis Rocha, que apoiou Bolsonaro “de coração”?

Ibaneis esteve ao lado de Bolsonaro durante o mandato de ambos. Bolsonaro disse que Ibaneis “teve harmonia” com o governo federal durante a sua presidência e considerou o governador um “amigo” em outubro de 2022.

Na ocasião, antes da segunds volta da eleição, Ibaneis declarou o seu apoio a Bolsonaro, que era “de coração” e “natural” — apesar das divergências durante a pandemia, quando Ibaneis contrariou o chefe do Executivo e avançou com restrições à circulação da população.

O agora governador afastado era novidade na política em 2018, quando se candidatou pela primeira vez ao governo do Distrito Federal e conseguiu ser eleito — na esteira do discurso de renovação da política e com apoio das igrejas evangélicas da região. Derrotou o então ocupante do cargo, Rodrigo Rollemberg (PSB), e figuras tradicionais da política de Brasília.

Em 2022, Ibaneis conseguiu ser reeleito ainda na primeira volta da eleição, com pouco mais de 50% dos votos. Na sua tomada de posse, disse que o momento é de “união pelo Brasil”.

Na semana passada, Ibaneis publicou nas redes sociais fotos com ministros do governo Lula nas cerimónias de tomada de posse em Brasília, inclusive com Flávio Dino (Justiça).

“Desculpas”: o que disse Ibaneis após invasão

Na tarde de domingo, Ibaneis anunciou a exoneração do secretário de Segurança DF, Anderson Torres, que foi ministro da Justiça de Bolsonaro. A medida foi lida como uma tentativa de se afastar do que, nas palavras do governador foi uma “baderna antidemocrática na Esplanada dos Ministérios”.

Depois, no entanto, foi decretada a intervenção na segurança do DF pelo Executivo. E, em seguida, Moraes decidiu afastar do governador.

Ibaneis tinha divulgado um vídeo nas redes sociais onde pede “desculpas” aos chefes dos três poderes pelo que aconteceu em Brasília. “O que aconteceu na nossa cidade foi inaceitável.”

“São verdadeiros terroristas, que terão de mim todo o efetivo combate para que sejam punidos”, disse o governador, antes de ser afastado.

Após dizer que acompanhava a situação, disse: “Não acreditávamos em momento nenhum que manifestações tomariam as proporções que tomaram”.

ZAP // BBC

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