As melhores pedras para fazer chapeletas na água têm o formato que imaginávamos. Um novo estudo oferece uma resposta.
Consciente ou inconscientemente, já todos demos por nós, na praia, a atirar pedras em direção à agua, tentando que estas saltitassem pelo mar dentro o máximo de vezes possível.
Não é qualquer pedra que serve, por isso escolhemos uma que seja o mais aerodinâmica possível, achatada, não demasiado grande, mas também não demasiado pequena.
E se estivermos errados? Um novo estudo sugere que o melhor formato de uma pedra para fazer as chamadas “chapeletas” não é aquele que acabamos de descrever. Em vez disso, as melhores pedras para o fazer são aquelas em forma de batata.
A descoberta é estrondosa para a pequeníssima percentagem da população que participa em competições. Sim, há provas para ver quem consegue fazer uma pedra ressaltar mais vezes na superfície da água.
Saiba, por exemplo, que o recordista do maior número de saltos é do norte-americano Kurt Steiner, com 88 ressaltos. Deste lado do oceano, a contagem é feita através de distância e não saltos. Neste capítulo, o escocês Dougie Isaacs é recordista com um lançamento de 121,8 metros.
Numa reportagem da Wired, em 2018, Kurt Steiner falou sobre o melhor tipo de pedra para o efeito. O perito realçou que há um grande debate em torno da questão, mas que a pedra ideal também depende do tipo da categoria da competição e até do ambiente.
“As pessoas gostam de triângulos”, começa por dizer. “Eu também gostava de triângulos, mas ‘mastigam’ demasiado a água”.
Ryan Palmer, da Universidade de Bristol, e Frank Smith, da University College London, concordam parcialmente. Os resultados do seu estudo revelaram que as pedras planas, de facto, maximizam o número de vezes que uma pedra salta.
No entanto, uma modelagem computacional revelou que pedras com fundos curvos não podem ser ignoradas. Estas têm uma “resposta superelástica”, transformando a velocidade horizontal do arremesso em velocidade vertical.
O estudo recentemente publicado na revista Proceedings of the Royal Society A sugere que há uma compensação entre a curvatura da parte inferior e a massa extra, com a interação a determinar o quão bem a pedra vai saltitar.
De acordo com a IFLScience, que cita os autores do estudo, mesmo com uma pedra em que o peso aumento num fator de oito, “ainda vai saltar com sucesso, desde que a sua curvatura convexa seja aumentada por um fator de quatro”.
A descoberta não tem apenas aplicações para os aficionados por “chapeletas”. Os resultados também pode ser úteis para amarar aviões, sejam os projetados para esse fim ou em resposta a desastres como o milagre do rio Hudson.