Raios gama e meteoritos. A dupla improvável que terá gerado a vida na Terra

Uma experiência de exposição de soluções de metanal e amoníaco dissolvidos em água a raios gama indicia que a vida na Terra pode mesmo ter vindo dos meteoritos.

Um novo estudo publicado na ACS Central Science dá mais pistas sobre como a vida começou na Terra. Uma das hipóteses é de que os aminoácidos derivados de meteoritos teriam sido os primeiros blocos de construção que levaram ao aparecimento da vida.

Os autores do estudo decidiram testar esta hipótese e comprovaram com experiências que os aminoácidos se podiam ter formado nestes meteoritos a partir de reações causadas pelos raios gama produzidos dentro destas rochas espaciais.

Desde o período em que Terra era um planeta-bebé e estéril que os meteoritos têm chocado com a sua superfície. Se os destroços espaciais iniciais incluíssem condritos carbonáceos — uma classe de meteorito que contém quantidades significativas de água e pequenas moléculas, como aminoácidos — então podiam ter contribuído para a evolução da vida na Terra.

O problema tem sido identificar a fonte dos aminoácidos nos meteoritos. Em experiências anteriores, os cientistas mostraram que as reações entre moléculas simples, como o amoníaco e o metanal, podem sintetizar os aminoácidos e outras macromoléculas, mas a água e o calor são pré-requisitos, relata o SciTech Daily.

Os elementos radioativos libertam raios gama, uma forma de radiação de alta energia, quando se decompõem. Este processo pode ter fornecido o calor preciso para se formarem as biomoléculas.

Para comprovar esta teoria, os investigadores dissolveram metanal e amoníaco em água e selaram a solução em tubos de vidro, que foram depois expostos a radiação gama de alta energia, produzida a partir da decomposição de cobalto-60.

Os cientistas descobriram que a produção de aminoácidos alfa e beta aumentou nas soluções que levaram com a radiação à medida que a dose de raios gama subia.

Tendo por base estes testes, os cientistas estimam que demorasse entre 1000 e 100 mil anos para se produzir a quantidade de alanina e β-alanina encontrada no meteorito Murchison, que aterrou na Austrália em 1969.

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