Não adianta procurar na Bíblia. Há sinais temporais da altura, mas escassos. O ano 366 terá ditado as celebrações actuais.
Mais um ano, mais um Natal, mais celebrações à volta do dia 25 de Dezembro.
No dia 25 de Dezembro cantam-se os parabéns a Jesus Cristo. Mas Jesus nasceu mesmo no dia 25 de Dezembro?
Resposta curta e a mais realista: não sabemos. E nunca saberemos.
O mais provável é que não tenha nascido nesse dia. Seria muita pontaria acertar na data – o leitor deve imaginar que na altura não havia Cartão do Cidadão, ou qualquer Instituto dos Registos e Notariado.
E boa sorte ao procurar na Bíblia. Não vai encontrar qualquer referência ao dia 25 de Dezembro. Nem sequer a Dezembro, ou a outro qualquer mês.
Na verdade, nem se sabe que Jesus nasceu exactamente há 2022 anos.
Há duas indicações que podem ajudar. Mas pouco: foi na altura em que o imperador romano César Augusto ordenou a realização de um recenseamento geral na Palestina e sabe-se quem era o Governador na Palestina. Nada mais.
O jornalista João Francisco Gomes admite na rádio Observador: “Chegar ao dia exacto do nascimento de Jesus é impossível”.
Os primeiros cristãos nunca celebravam aniversários. Era visto como um sinal paganismo, uma adoração do dia em que se nasceu. Pelo contrário, assinalava-se a morte dos santos, porque era o dia em que nasciam para a eternidade.
Ou seja, o Natal nem sequer foi assinalado pelos primeiros cristãos.
25 de Dezembro porquê?
Voltando à data. A primeira vez em que o nascimento de Jesus foi associado ao dia 25 Dezembro foi, provavelmente, no século III.
O historiador Sexto Júlio Africano – importante para a posterior elaboração da História da Igreja Católica – elaborou a sua cronologia de acontecimentos relevantes, a partir da Bíblia.
Acreditava que, entre a criação da Terra e o ano anterior a nascimento de Jesus, tinham decorrido 5.500 anos. E que Jesus foi concebido no início do ano 5.501. Traduzindo para o actual calendário, esse dia seria 25 de Março – nove meses depois, Jesus nasceria. Sim, a 25 de Dezembro.
A explicação mais forte, com mais lógica, tem a ver com um imperador romano: Constantino, o primeiro imperador romano cristão.
Constantino promoveu o Cristianismo, apelou à conversão paganismo-Cristianismo. E, para envolver a sociedade na religião, quis coincidir o nascimento de Jesus com festas pagãs que já existiam.
O solstício de Inverno era um momento especial para os romanos; celebravam o regresso do Sol e dos dias longos, assinalavam a Saturnália, uma espécie de “renascimento” do ano.
Estima-se que a Saturnália era celebrada no dia 25 de Dezembro. Era um dia de festa e de…troca de prendas.
No século IV o imperador Constantino quis associar os dois momentos, utilizar o solstício de inverno para simbolizar o papel de Jesus Cristo como a luz do mundo.
E assim, estimam os historiadores, 366 foi o ano de estreia. A primeira vez que se celebrou o Natal no dia 25 de Dezembro.
Mas, já agora: o “momento fundador” do Cristianismo é a Páscoa, não o Natal.
«…Conheço as tuas obras, tribulações e pobreza (mas tu és rico) e conheço a blasfémia daqueles que se dizem judeus e não são, mas são a sinagoga de Satanás…»
Fonte: Apocalipse 2:9