Cientistas dos EUA reproduziram o poder do sol em laboratório: 2,5 megajoules de energia produzidas e 2,1 megajoules utilizados para alimentar os laser.
Já desde domingo passado que se esperava pelo anúncio de um “grande avanço científico”, que iria surgir nesta terça-feira, nos Estados Unidos da América.
Como tinha sido igualmente anunciado, o tal avanço científico estava relacionado com energia de fusão nuclear, que estudada desde os 1950 como uma alternativa limpa aos combustíveis fósseis, por não produzir efeitos de gases de estufa.
Não tem havido resultados práticos, continua a não haver, mas uma experiência realizada no Laboratório Nacional Lawrence Livermore tornou-se um “grande progresso científico” com um “grande resultado”, de acordo com os responsáveis.
O Financial Times informa que esta foi a primeira vez na história que, durante o processo de fusão, se conseguiu produzir mais energia do que aquela que foi consumida.
A equipa de cientistas norte-americanos reproduziu o poder do sol em laboratório.
Nesta experiência conseguiu produzir-se 2,5 megajoules de energia, enquanto foram necessários 2,1 megajoules para alimentar os lasers, que serviram para bombardear isótopos de hidrogénio, num estado de plasma sobreaquecido.
O objectivo é fundir esses isótopos em hélio e, assim, libertar um neutrão e energia limpa, sem carbono.
192 lasers gigantes no laboratório “explodiram” um pequeno cilindro – do tamanho de uma borracha de lápis – que continha uma protuberância congelada de hidrogénio envolta em diamante, detalha o The New York Times.
Os feixes de laser entraram nas partes superior e inferior do cilindro, vaporizando-o. Isso gerou um ataque interno de raios-X, que comprime uma pastilha de combustível das formas mais pesadas de hidrogénio.
Depois, em menos de um “clique” (na verdade em menos de 100 trilionésimos de segundo), 2,05 megajoules de energia bombardearam o pellet de hidrogénio.
O produto dessa fusão permitiu atingir um factor de 1,5 no ganho de energia líquido – net energy gain.
Assim, foi a primeira vez que cientistas conseguiram produzir mais energia do que a que é utilizada para alimentar os lasers, para activar esta reacção.
Esta experiência mostrou que é possível avançar na reacção de fusão nuclear, acredita o director Mark Herrmann.
Ainda estamos (muito) longe de esta ser uma fonte de energia em breve, a nível global, mas o método vai ser trabalhado e melhorado, precisamente para se tornar nessa fonte energética alternativa.
E há outra vantagem local: os EUA podem testar esta tecnologia em armas nucleares. Avanços na energia limpa e na Defesa do país.
Mark Herrmann acrescentou que esta inovação vai permitir “expandir os conhecimentos” e permitir trabalhar menos “à base de extrapolações” e “com mais confiança”.
O avanço chega numa fase de crise energética global e em que diversos Governos e entidades têm procuram fontes de energia alternativas, tentando escapar aos combustíveis fósseis.