Uma situação “bizarra”: Microsoft encerra contas sem explicar porquê. Quando se vence em tribunal, o silêncio reina depois.
Centenas de holandeses tinham conta na Microsoft. Mas deixaram de ter.
Um utilizador liga o seu computador ou telemóvel e, um dia, tenta aceder aos seus ficheiros, e-mails, notas ou fotos – todas numa conta Microsoft – mas de repente verifica que não consegue entrar na sua conta. Foi apagada.
A situação “bizarra” é relatada pela estação televisiva RTL Nieuws, que acrescenta o facto mais bizarro: a empresa não explica porque apagou as contas.
Ou melhor, há uma justificação genérica: a Microsoft explica que removeu aquela conta porque a mesma violou o código de conduta.
Violar o código de conduta pode envolver diversos contextos: fraudes, distribuição de pornografia infantil, violação de direitos de autor ou envio de spam, por exemplo.
O utilizador não entende o que fez para ser incluído nessa lista e, por isso, contacta a Microsoft para saber exactamente o que aconteceu.
A resposta é quase sempre esta: “Conforme está escrito nos nossos termos e condições, não podemos reactivar a sua conta, nem fornecer detalhes sobre o motivo pelo qual ela foi encerrada”.
Um utilizador, Mike Albers, queixa-se: “Não há possibilidade de conversar. A Microsoft tem todo o poder de simplesmente bloquear a tua conta. Isto é bizarro”.
Os utilizadores apresentam queixas nas autoridades que fazem a supervisão nos Países Baixos, pedem aconselhamento jurídico e podem até apresentar um protesto em comité europeu.
Mas só em tribunal poderia haver justificações. E isso é sinónimo de gastar dinheiro que muitas pessoas não querem gastar. Assim, o processo não avança.
Imagens da namorada de 19 anos
Outro utilizador deixou de conseguir aceder ao Hotmail, ao OneDrive e aos jogos guardados na Xbox. “Perdi tudo de um dia para o outro. Não conseguia aceder aos meus ficheiros, tive que refazer um monte de coisas. A minha vida parou”, recordou, numa altura em que estava na fase final dos seus estudos universitários para se tornar designer.
Este caso seguiu para tribunal, onde o holandês percebeu que a “culpa” foi de uma imagem que tinha guardado no OneDrive, da sua namorada de 19 anos – imagem que foi considerada pornografia infantil pelo algoritmo da Microsoft. “Fiquei horrorizado”, lamentou.
Noutros casos que seguiram a via judicial, a Microsoft chegou várias vezes a acordos com os utilizadores – que recuperaram as suas contas (mas nada podem dizer sobre o assunto, devido ao acordo de confidencialidade que assinaram).
Daqui a pouco mais de um ano, em Fevereiro de 2024, vai passar a ser obrigatório na Europa as empresas (Microsoft, Google, Apple e Dropbox) apresentarem uma justificação clara, quando bloqueiam contas.