Álcool, emoção, nervosismo… Mas a “culpa” não é do futebol. O lugar mais perigoso para as mulheres é mesmo a casa.
Mundial de futebol é sinónimo de desporto, festa, emoção…e mais violência.
Quando se pensa em violência, pensa-se logo nos possíveis e frequentes confrontos entre adeptos – embora sejam mais comuns em competições internas do que nestes grandes palcos.
Mas há outro tipo de violência que aumenta num dia de jogo de futebol: agressões a mulheres.
Um estudo publicado na semana passada, no Reino Unido, elaborado pela Universidade de Bristol, centra-se nesse fenómeno social.
Não é propriamente o futebol que aumenta o número de casos de violência doméstica – que engloba violência verbal, piadas, agressões físicas ou mesmo assassinatos.
São os homens emocionados, irritados, são as garrafas de cerveja, são os resultados que não agradam.
Só em Lancashire, cita a BBC, houve mais 26% casos de violência contra mulheres em dias de jogo da selecção inglesa, nos Mundiais entre 2002 e 2010; isto quando a Inglaterra ganhou ou empatou.
Nos dias em que a Inglaterra perdeu, nos mesmos torneios, o número médio de casos subiu 38%.
Já no Brasil, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicou em Maio que as ameaças a mulheres aumentam 24% em dia de jogo da equipa local; lesões físicas sobem 21%, comparando com dias sem jogo de futebol.
A tendência é de a subida ser ainda maior quando a partida em causa envolve equipas que são rivais, com ambiente tenso; ou quando era quase certo que a equipa que o homem apoia iria ganhar mas, afinal, não ganhou o jogo.
É como se um jogo de futebol trouxesse à superfície violência, virilidade e agressividade – como se essas fossem as únicas respostas a momentos de frustração.
O agressor, pelo menos no Brasil, também parte para agressão porque sabe que a probabilidade de ser punido por Lei não é muito alta. E muitos casos acontecem numa relação que já atravessa episódios de violência noutros dias.
O lugar mais perigoso para as mulheres é mesmo a casa onde mora, avisou a Organização das Nações Unidas.
Só no ano passado, cerca de 45 mil mulheres foram assassinadas pelos seus companheiros ou outros familiares.