Um membro do Departamento do Estado dos EUA diz que as empresas tecnológicas americanas querem fazer mais em Portugal, “mas estão nervosas com a presença chinesa no setor”.
Dereck Hogan, vice-secretário principal do departamento de Assuntos Europeus e Euroasiáticos do Departamento de Estado dos EUA, esteve em Portugal na semana passada, a participar na reunião da Comissão Bilateral Permanente entre os EUA e Portugal.
Em entrevista ao Expresso, Hogan disse que “as empresas tecnológicas americanas querem fazer mais em Portugal, mas estão nervosas com a presença chinesa no setor”.
“As empresas americanas são muito experientes com os desafios do investimento chinês, em particular em infraestrutura crítica, e muito cautelosas, pelo que ao pensarmos no aprofundamento da nossa cooperação queremos assegurar que essas barreiras sejam eliminadas. Vemos Portugal na direção certa e estamos cá para apoiar mais avanços”, explicou o diplomata.
Hogan salientou ainda que “quando falamos de a China usar o seu peso económico para alcançar fins políticos e acordos económicos, as letras pequenas comprometem mesmo a segurança nacional dos países”.
Até os Estados Unidos reforçaram o “controlo de investimento estrangeiro”, nomeadamente chinês, para prevenir certos investimentos na infraestrutura crítica. Washington tem passado esta mensagem ao resto do Ocidente, com Dereck Hogan a dar o exemplo do 5G na União Europeia.
“Alegra-nos muito que Portugal tenha adotado esta legislação”, salientou o membro do Departamento de Estado dos EUA.
Na reunião da Comissão Bilateral Permanente, falou-se ainda sobre as várias oportunidades oferecidas pelo porto de Sines, principalmente no capítulo do hidrogénio verde. Na ótica de Hogan, o porto de Sines “desempenha um papel importante” na tarefa de evitar a dependência da energia russa.
“[…] Há projetos importantes como o gasoduto Barcelona-Marselha, queremos saber mais sobre isso e que apoio podemos dar”, disse ainda ao Expresso.