O óxido nitroso – utilizado no meio hospitalar e na indústria automóvel – é cada vez mais consumido como droga recreativa, espalhando-se pela Europa e com uso crescente em Portugal, onde é vendido nas ruas, em festas privadas e nas redes sociais.
Segundo um relatório do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA), desde o início do ano foram apreendidas pelas autoridades portuguesas 35 botijas e balões da substância, conhecida como a “droga do riso” ou o “gás hilariante” – que provoca euforia, relaxamento e dissociação da realidade.
O documento indica que a destituição, a venda e consumo em Portugal é feita, maioritariamente, através de estabelecimentos de restauração e de bebidas. Também é vendida nas ruas, em festas privadas – realizadas ao ar livre ou em residências – e através das redes sociais.
Em 2020 não houve ocorrências em Portugal; em 2021 foram registadas 93 – em Lisboa, Setúbal e Faro, com 300 a 400 botijas aprendidas; e em 2022 cerca de 35 até à data. Em setembro deste ano, a substância passou a integrar a lista de substâncias psicoativas proibidas.
Os relatos de consumo de óxido nitroso começaram em final do século XIX. No final da década de 60 e nos anos 90 atingiu o seu auge nos Estados Unidos (EUA), sendo usada em festas e festivais de música. Em 2010, atingiu outro pico, com o aumento do consumo noutros países.
Em 2017, começou a preocupar as autoridades europeias, devido ao “grande” aumento da oferta e do consumo. O disponibilidade de “cilindros maiores” tornou o produto “significativamente mais barato” e o uso “mais amplo, frequente e intenso”.
O documento do EMCDDA revela que o óxido nitroso é vendido em “pequenos cartuchos”, que são utilizados para encher balões, a partir do quais o gás é inalado. O preço baixo, os efeitos de curta duração e o facto de ser uma droga “relativamente segura” influenciam a sua procura.
“Existe a perceção geral entre os consumidores de que a inalação do óxido nitroso é segura. Só que quando o consumo é mais frequente ou mais intensivo o risco de danos graves aumenta”, alertou o diretor do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, Alexis Goosdeel, no relatório.
Na Dinamarca, foram registados 16 casos de intoxicações pelo consumo dessa substância em 2015 e 73 em 2021. Em França, 10 em 2017 e 134 em 2021. Já nos Países Baixos, foram 13 em 2015 e 144 em 2020. Em Portugal não há registo de intoxicações provocadas pela droga.
No Reino Unido, o óxido nitroso tornou-se já a segunda substância psicoativa mais consumida entre os jovens, logo a seguir à ‘cannabis’. Entre 2013 e 2017, ocorreram em média cinco mortes por ano idevido à inalação do óxido nitroso.
Para a realização do relatório contribuíram a Polícia Judiciária, a Polícia de Segurança Pública, a Guarda Nacional Republicana e do Infarmed.