Vacinação contra a covid-19 alargada a maiores de 50 anos. Inverno não será “fácil”, alerta governante

Secretária de Estado da Promoção da Saúde e infeciologista do Hospital de São João não se mostra surpreendida pela convivência de três vírus respiratórios em simultâneo, um fenómeno que tem levado a picos de procura nas urgências hospitalares.

Margarida Tavares, secretária de Estado da Promoção da Saúde, anunciou que a vacinação contra a covid-19 está em breve disponível para as pessoas com mais de 50 anos, numa altura em que dois terços dos mais idosos (com idades superiores a  80 anos) já estão inoculados.

“Apesar de alguma dificuldade inicial, estamos agora na velocidade que prevíamos. Para a vacina contra a covid-19, vamos mesmo conseguir baixar a idade dos elegíveis para os 50 anos. Essa medida vai ser anunciada pela Direção-Geral da Saúde em breve.” Recusa, ainda, que o alargamento a novas faixas etárias se deva a uma fraca adesão dos grupos atualmente a serem vacinados, apesar da taxa de vacinação rondar os 68% nos grupos acima dos 80 anos.  “Gostaríamos que fosse mais e faço aqui um apelo a todas as pessoas mais velhas: não deixem de se vacinar.”

De acordo com a mesma responsável, em delcarações feitas ao jornal Público, a reunião no Infarmed prevista para o final deste mês será apenas um momento de reflexão e transparência. “Não vão sair dali medidas nenhumas. Vai-se falar de reforços dos planos. A nossa estratégia está a ser construída com muitas das pessoas que vão falar no Infarmed. Não vai ser um momento de lançar medidas, não é esse o objetivo.”

Quanto ao uso das máscaras, Margarida Tavares lembra que estas “nunca desapareceram”, pelo que se mantém “para as pessoas que têm sintomas respiratórios quando estão próximas de outras pessoas. Vamos recomendá-las vivamente em espaços fechados. Eventualmente, vamos fazer recomendações mais apertadas para os transportes públicos, por exemplo.”

Partindo da sua experiência como profissional na linha da frente quando a pandemia da covid-19 se instalou em Portugal, descreve que uma das primeiras decisões que o novo núcleo duro do Ministério da Saúde tomou quando assumiu funções foi “não renovar o estado de alerta” e tratar de virar a página no que respeita à resposta hospitalar, ainda muito concentrada na covid-19.

“Foram construídos cerca de 200 diplomas legais e isso gerou uma certa entropia no sistema porque os serviços ainda não tinham mudado o chip, perdoe-me esta linguagem simplista, estavam todos muito focados na covid-19. Quando chegávamos, já existia um protótipo de linhas estratégia da DGS mas considerei que estava demasiado focado na covid. Para nos reorganizarmos e reequilibrarmos toda esta disfuncionalidade gerada pela covid sentimos a necessidade de desenhar uma estratégia nova que vai ser adianta em breve“, perspetivou.

Confirmou ainda, em linha com outros especialistas, que este inverno podermos ter que conviver com três vírus em simultâneo, um fenómeno que já se está a fazer sentir no que respeita à procura hospitalar.

“Como infeciologista eu sabia que, volvido algum tempo, estaríamos a assistir a uma dinâmica dos vírus respiratórios que foi totalmente alterada e não me surpreende nada que o vírus sincicial respiratório se tenha antecipado e que os casos de gripe sejam mais precoces. Como sabemos que as doenças infeciosas respiratórias cursam em ondas de incidência, esperamos que algumas ondas se consigam desfasar.”

ZAP //

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