Portugal não está no play-off do Mundial feminino; está na fase final de uma trapalhada

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Estela Silva / LUSA

Selecção lusa venceu a Islândia mas não se apurou propriamente para um play-off “normal”. Aliás, muito deste formato é anormal. Ainda ontem se viu.

Portugal terá surpreendido meia Europa ao afastar a Islândia do próximo Mundial feminino de futebol.

O feito foi alcançado na noite passada, em Paços de Ferreira, perante mais de 5 mil pessoas: vitória portuguesa por 4-1, após prolongamento.

Esta vitória sobre a 14.ª melhor selecção do mundo, de acordo com a FIFA (Portugal é 27.ª) surge poucos dias depois de outra vitória diante de uma equipa teoricamente mais forte, a Bélgica (19.ª).

O resultado mostra goleada mas os 90 minutos terminaram com um empate a uma bola. Depois de um bom primeiro tempo de Portugal, mas sem golos, o início da segunda parte foi algo “louco”. E com golos.

Logo aos três minutos a Islândia marcou mas o golo foi anulado no vídeo-árbitro. Na jogada seguinte, Tatiana Pinto acertou no poste.

Um minuto depois, grande penalidade para Portugal (após nova visita ao vídeo-árbitro), cartão vermelho para Gunnlaugsdóttir e golo de Carole Costa.

Mesmo com uma jogadora a menos logo aos 52 minutos, a Islândia empatou aos 57’. A autora do golo foi Magnúsdóttir.

Mais perto do fim, seria nova grande penalidade para Portugal, por braço na bola. Mas o vídeo-árbitro entrou novamente no jogo e anulou essa decisão.

Apesar das diversas oportunidades de golo até aos 90 minutos, o 1-1 manteve-se.

Até que, no prolongamento, o jogo começou a ficar resolvido bem cedo. Ao segundo minuto, Diana Silva marcou e, já na segunda parte (perante desorientação nórdica), Tatiana Pinto e Francisca Nazareth fecharam as contas.

E agora?

Mas as contas não terminaram quando se ouviu o apito final. Era preciso esperar pelos resultados de outros dois jogos para saber o que iria acontecer a Portugal nesta caminhada até ao Mundial 2023.

E logo aí o registo anormal: os três jogos não começaram à mesma hora. O Suíça-País de Gales sim, começou igualmente às 18h. Mas o Escócia-Irlanda só começou duas horas depois. Ou seja, escocesas e irlandesas já sabiam do que precisavam.

O próprio formato de qualificação na UEFA foi estranho. As nove selecções que ficaram no segundo lugar dos grupos qualificaram-se para este play-off. As três melhores seguiram para a segunda eliminatória, as outras seis tiveram de passar pelas duas eliminatórias do formato.

Mas não bastava ganhar os dois jogos para ter apuramento garantido. Nestas contas entravam: os resultados da final do play-off (disputadas ontem) sem contar com grandes penalidades, depois os pontos desses jogos foram somados aos resultados alcançados na fase de grupos e, aí sim, ficámos com a classificação final dos segundos classificados do grupo.

A Suíça venceu o País de Gales e a Irlanda ganhou na Escócia. Por isso, Portugal – que já partia atrás de suíças e irlandesas antes destes últimos jogos – ficou no terceiro lugar.

Agora segue-se mais um play-off…que não é um play-off. Em Fevereiro de 2023 a Nova Zelândia (anfitriã do Mundial, tal como a Austrália) vai receber um mini-torneio de 10 selecções. Três grupos, mas em formato eliminatória. Quem ganhar, continua; quem perder, volta para casa.

Para Portugal, o que interessa é: vai estar no grupo A e “só” vai precisar de vencer um jogo para se qualificar. Mas ainda não se sabe quem será o adversário, porque vai precisar de esperar por um jogo anterior desse “grupo”.

Portugal, China Taipé, Tailândia, Camarões, Senegal, Haiti, Panamá, Paraguai, Chile e Papua Nova Guiné estão qualificadas para este mini-torneio.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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