O fundo do Qatar comprou os 21,67% da SAD do Braga que pertenciam à Olivedesportos. António Salvador garante que a entrada dos donos do PSG não vai alterar o modelo de gestão dos minhotos.
O anúncio partiu de um comunicado emitido à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), onde o Sporting de Braga revela que a Qatar Sports Investment (QSI), que já é dona do franceses do Paris Saint-Germain, comprou mais de 20% da SAD dos minhotos.
O fundo do Qatar comprou os 21,67% que estavam nas mãos da Olivedesportos. O Braga deixa um agradecimento público à “Olivedesportos SGPS, S.A. e à sua Administração, desejando as maiores felicidades para os desafios futuros”.
“A Sociedade acolhe com entusiasmo a entrada da Qatar Sports Investments na sua estrutura acionista, certa de que a capacidade e a experiência internacionalmente demonstradas, nas mais variadas áreas, constituem para a Sporting Clube de Braga Futebol, SAD um acrescento de valor, permitindo alavancar o crescimento da marca e a sua expansão global“, refere ainda o comunicado.
O clube sublinha, no entanto, que “esta operação não produz qualquer alteração na gestão da Sporting Clube de Braga Futebol, SAD, estando salvaguardada a total autonomia de decisão por parte da Administração nomeada com o apoio do acionista maioritário Sporting Clube de Braga.”
António Salvador, presidente do Braga, confessa que acredita que esta é a “parceria certa para acelerar” o “crescimento e expansão” do clube e sublinha a “extraordinária experiência da Qatar Sports Investments”. “É um grande dia para o nosso clube, para os nossos adeptos e para a nossa cidade”, lê-se na nota enviada pelo clube.
A Qatar Sports Investments também já explicou a aposta no Braga. Nas palavras de Nasser Al-Khelaifi, presidente do fundo e do PSG, o objectivo é ajudar o clube português a “atingir todo o seu potencial”.
“Portugal é um país construído sobre o futebol — com fãs entre as pessoas mais apaixonadas e uma das melhores redes de talentos do mundo. O SC Braga é uma instituição portuguesa exemplar — tem uma história de prestígio, uma enorme ambição e uma reputação de excelência dentro e fora do relvado”, realça.
De acordo com a Bloomberg, a ideia é ajudar o Braga a tornar-se mais competitivo dentro e fora de Portugal e fechar a lacuna com os três grandes.
A compra implica uma avaliação dos minhotos em cerca de 90 milhões de euros, sendo que este valor já se baseia na promessa de que, a partir de 2027, as quotas das transmissões televisivas vão aumentar quando os direitos passarem a ser negociados colectivamente.
Pode o Braga tornar-se um “feeder club” do PSG?
Esta compra minoritária da SAD do Braga marca a primeira aposta da QSI no futebol para além do PSG, sendo que o fundo do Qatar já tinha sido associado a uma compra minoritária do clube inglês Leeds United em 2019.
O investimento no Braga reforça os laços estreitos que o PSG tem criado com o futebol português nos últimos meses, especialmente depois da contratação em Junho de Luís Campos, antigo director desportivo do Monaco, que assumiu a mesma posição no clube parisiense.
Desde então, os franceses já compraram mais dois jogadores portugueses, Renato Sanches e Vitinha, que se juntaram aos compatriotas Danilo e Nuno Mendes.
A tendência de haver vários clubes com os mesmos donos está a crescer a nível global, havendo já 196 equipas agora que integram grupos mais abrangentes, de acordo com os dados do CIES — Centro Internacional de Estudos do Desporto.
Um dos exemplos mais notórios é o grupo Red Bull, que já detém 15 equipas em 11 desportos. No futebol, a marca é dona de três equipas europeias — os alemães do Leipzig e os austríacos do FC Liefering (na segunda divisão) e do Salzburgo. Os New York Red Bulls, nos Estados Unidos, e o Red Bull Bragantino, no Brasil, também fazem parte do projecto da marca de bebidas energéticas.
Uma das vantagens dos projectos com vários clubes é o fenómeno dos “feeder clubs” — quando os clubes do mesmo grupo vendem jogadores entre si a preços mais baratos do que os que o mercado determina.
É assim bastante comum ver, por exemplo, jogadores do FC Liefering a serem transferidos para o Salzburgo e do Salzburgo para o Leipzig. A poupança de recursos na contratação de olheiros e a partilha de dados entre os clubes são outros benefícios deste modelo.
Apesar das vantagens financeiras para os clubes, o modelo dos “feeder clubs” pode gerar ressentimento entre os adeptos das equipas mais pequenas, que muitas vezes veem os seus melhores jogadores a ser vendidos a preço de saldo aos clubes maiores dentro do mesmo grupo. Os conflitos também aumentam quando as duas equipas competem no mesmo nível no plano europeu.
O PSG está a comprar uma quota minoritária do Braga, mas é na mesma possível que venhamos a ver mais negócios entre estes dois clubes, especialmente se a QSI vier a aumentar a quota que comprou da SAD dos minhotos.
As polémicas em torno da QSI
O investimento no Braga também assinala a primeira entrada de um fundo de investimento detido por um Governo de um país no futebol português, já que um dos accionistas da QSI é o fundo soberano da Autoridade de Investimento do Qatar.
Desde 2010, aquando da confirmação de que este pequeno país do Médio Oriente iria acolher o Campeonato do Mundo de 2022, que o Qatar tem investido mais no futebol, especialmente com a aquisição do PSG em 2011.
A aposta do Governo do país no desporto tem sido criticada por ser um exemplo de “sportswashing” — quando uma entidade ou Estado usam o desporto para lavar a sua imagem pública.
A organização do Mundial, que vai arrancar já em Novembro, também está envolta em muitas polémicas, desde suspeitas de corrupção na atribuição da prova até acusações de que até 6500 trabalhadores terão perdido a vida nas obras dos estádios devido às más condições de trabalho.
A Qatar Sports Investments está assim a construir um império com vários clubes de diferentes países, seguindo o exemplo do City Group, detido pelo Sheikh Mansour dos Emirados Árabes Unidos, que é dono do Manchester City, New York City, Melbourne City, Yokohama Marinos, Girona, Lommel, Troyes e Palermo.
Vende-se tudo , Portugal fica sem nada!!!! Será que os àrabes trazem para cá os camelos?
Uma notícia mais curiosa que importante, ainda que seja um facto interessante, como defendo há muito, é inevitável a privatização dos mais importantes clubes cá do burgo, completamente dependentes dos resultados produzidos nos escalões jovens e no import-export., cada vez mais difícil porque os “tubarões” já não andam a dormir e atuam já mos mercados tradicionais. Há um pormenor divertido nesta operação, em termos práticos trata-se de uma operação semelhante à desjeitada tentativa de Vieira e do seu grupo, de venderem as suas ações a um investidor estrangeiro. e Textor não era do Catar. Qual foi a reação dos parasitas da CMVM? E sobre esta operação, nada a dizer, ou será que as necessidades de Joaquim Oliveira são respeitáveis – e legais – que as de Vieira e o seu grupo?
Dia histórico?!…
Não ligo nada ao futebol, mas se ligasse deixava logo de querer saber do Braga (ou de outro qualquer comprado por milionários)!…