Um grupo de investigadores converteu gás com efeito de estufa em combustível. A conversão ocorreu à temperatura e pressão ambiente, o que poderia permitir a utilização de metano, um gás com significativo efeito de estufa, para produzir combustível.
Um novo método desenvolvido pelo instituto de investigação brasileiro FAPESP permite converter gás metano em metanol líquido.
Segundo as Nações Unidas, o metano tem causado até agora cerca de 30% do aquecimento global desde a era pré-industrial.
As emissões de metano provenientes da atividade humana poderiam ser reduzidas até 45% na próxima década, evitando um aumento de quase 0,3°C até 2045.
Uma equipa de investigadores conseguiu agora converter metano em metanol. Os cientistas utilizaram metais de transição leves e dispersos — como o nobre — num processo conhecido como foto-oxidação.
De acordo com um estudo publicado este ano na revista Chemical Communications, esta foi até agora a reação com melhores resultados a converter gás metano em combustível líquido à temperatura e pressão ambiente.
Segundo a Sci Tech Daily, os resultados do estudo são um passo crucial para tornar o gás natural acessível como fonte de energia para a produção de combustíveis alternativos à gasolina e ao gasóleo.
Apesar de o gás natural ser um combustível fóssil, a sua conversão em metanol produz menos dióxido de carbono (CO2) do que outros combustíveis líquidos da mesma categoria.
A conversão teve lugar em condições de temperatura e pressão ambiente, o que poderia permitir que o metano, um potente gás com efeito de estufa, fosse utilizado para produzir combustível.
Além disso, a recolha de metano da atmosfera é fundamental para mitigar as consequências negativas das alterações climáticas, uma vez que o gás tem 25 vezes o potencial de contribuir para o aquecimento global como o CO2, por exemplo.
“Há um grande debate na comunidade científica sobre a dimensão das reservas de metano do planeta”, explica Marcos da Silva, primeiro autor do artigo, à Agência FAPESP.
“De acordo com algumas estimativas, podem ter o dobro do potencial energético de todos os outros combustíveis fósseis combinados. Na transição para as energias renováveis, teremos de explorar todo este metano em algum momento”, acrescenta o investigador.
Segundo Ivo Freitas Teixeira, professor da UFSCar, e último autor do artigo, o foto catalisador utilizado no estudo foi uma inovação chave. “O nosso grupo inovou significativamente ao oxidar o metano numa única fase”.
Por norma, na indústria química, esta conversão acontece através da produção de hidrogénio e CO2 em pelos menos duas fases e em condições de temperatura e pressão muito elevadas.
E segundo o professor Ivo Freitas, “o nosso sucesso na obtenção de metanol em condições suaves, ao mesmo tempo que gastamos menos energia, é um grande passo em frente”.
Os resultados abrem o caminho para futuras investigações sobre a utilização da energia solar para este processo de conversão, reduzindo potencialmente ainda mais o seu impacto ambiental, acrescentou o professor.
“Descobrimos o melhor catalisador e outras condições essenciais à reação química, tais como a utilização de uma grande quantidade de água e apenas uma pequena quantidade de peróxido de hidrogénio, que é um agente oxidante”.
“Os próximos passos incluem compreender mais sobre os locais ativos de cobre no material e o seu papel na reação. Também planeamos utilizar o oxigénio diretamente para produzir peróxido de hidrogénio na própria reação. Se for bem sucedido, isto deverá tornar o processo ainda mais seguro e economicamente viável“.
No estudo, os cientistas utilizaram metano puro, mas no futuro, irão extrair o gás de fontes renováveis, como a biomassa.
A estratégia de conversão do metano em combustível líquido utilizando um foto catalisador é nova e não está disponível comercialmente, mas o seu potencial a curto prazo é significativo.
É necessário maior rigor:
– a FAPESP não é um centro de investigação, mas uma entidade financiadora (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), equivalente à FCT em Portugal;
– o que significa “nobre” em “Os cientistas utilizaram metais de transição leves e dispersos — como o nobre”??? Não nenhum metal chamado nobre; trata-se de cobre!