Quando pensamos em cidades fantasmas, normalmente as imagens que nos vêm à mente são de degradação ou de abandono. Mas a vila canadiana de Kitsault é diferente: as luzes das casas ainda funcionam, os relvados estão bem cuidados e a única coisa que falta são as pessoas – que fugiram há décadas.
A cidade localiza-se junto à fronteira da Colômbia Britânica com o Alasca. As suas ruas estão repletas de casas, mas apenas 1.200 pessoas lá viveram – e não por muito tempo, como relatou o Grunge. Todos os habitantes abandonaram a localidade em 1982, 18 meses após ter sido inaugurada.
Os planos para a sua criação iniciaram em 1979, quando o molibdénio começou a ser extraído nas proximidades. Os mineiros já lá trabalhavam há décadas, extraindo metais como a prata e o chumbo, mas a extração de molibdénio naquela zona era uma novidade.
O mineral em questão já tinha sido extraído até ao seu esgotamento noutras partes dos Estados Unidos (EUA) e do Canadá. Quando a empresa mineira Phelps Dodge soube da sua prevalência naquela região, rapidamente começou a construir planos para toda uma vila.
A cidade conta com mais de 100 casas e sete prédios, totalizando 200 residências. Tem restaurantes, centros comerciais, bancos, uma estação de correios, um bar, uma piscina, dois centros recreativos e um cinema.
Os habitantes da cidade tinham televisão à cabo, telefone e uma estação de tratamento de esgotos que produzia a água mais limpa da região, segundo o Grunge.
A olhar para as luzes acesas nas casas e para os relvados, parece que ninguém saiu de Kitsault. Mas foi o que aconteceu – após 18 meses de mineração, as famílias dos trabalhadores tiveram de se mudar porque o mercado de molibdénio desmoronou devido à recessão. A introdução de subprodutos desse minério também não ajudou.
A Phelps Dodge cuidou então da vila até que o milionário, filantropo e empresário indiano Krishnan Suthanthiran a comprou, por cerca de 7 milhões de dólares. Este investiu mais de 25 milhões de dólares e contratou cuidadores para tratar das casas.
Os seus planos para a localidade mudaram várias vezes: primeiro seria um local para artistas e cientistas estudarem; depois um estúdio cinematográfico e, mais recentemente, uma zona para converter resíduos em gás natural.
A Avanti Mining começou a extrair novamente molibdénio na região em 2008. A empresa queria alojar os mineiros na cidade, mas Suthanthiran não aceitou a proposta. Em 2018, este começou a ser investigado pelas autoridades belgas por lavagem de dinheiro.
Mas independentemente dos negócios do seu proprietário, ou dos seus planos para a pequena cidade, Kitsault continua a existir como uma cidade fantasma, só que em pleno funcionamento.