Orientava um programa de treino de cães numa prisão nos EUA. O recluso começou a ouvi-la e Toby Dorr colocou-o fora. Depois também ela foi presa.
Uma mulher que nunca tinha quebrado regras, que nunca tinha fugido à lei.
Só teve um namorado, que viria a ser o seu marido, educou bem os seus filhos, ia à igreja… Muito “certinha”.
Quando conheceu um criminoso, também se tornou criminosa. Ajudou esse assassino a fugir da prisão.
Há um contexto para tudo: Toby Dorr – o nome da protagonista deste artigo – sentia-se sozinha, abandonada, confusa. O seu casamento era um fracasso, tinha passado por um aborto espontâneo e tinha cancro na tiróide. Isto aos 25 anos.
Até que conheceu John Manard, o tal assassino, que começou a estar interessado na sua vida, a tentar perceber porque ela parecia sempre triste e a querer ajudá-la.
Conversas que decorreram numa prisão federal no Kansas, onde Toby colaborava com uma organização sem fins lucrativos (liderava um programa de treino de cães).
“Nunca me tinham perguntado aquilo. Nem o meu marido alguma vez me tinha perguntado como eu estava. E eu, na altura, estava a lidar com muitas coisas ao mesmo tempo”, recorda Toby, no portal Insider.
Estavam juntos todos os dias, durante horas. E isto durou meses. Ela começou a admitir que tinha dúvidas em relação ao seu casamento, começou a abrir-se sobre a sua vida – e acabou por ouvir que John estava apaixonado por si.
Toby Dorr também se apaixonou por John Manard. Uma funcionária de prisão apaixonou-se por um assassino que estava preso nessa prisão.
John começou a convencer Toby que queria fugir com ela. E fugiram.
Dois anos depois da primeira conversa, a funcionária ajudou o assassino a fugir da prisão. Colocou-o dentro de uma casota móvel, que depois foi transportada por uma carrinha que a própria Toby conduziu.
Já cá fora, a (ex-)funcionária da prisão percebeu que o sexo era a componente mais forte daquela relação.
Só conseguiram fugir à polícia durante quase duas semanas. Toby ficou então presa durante pouco mais de dois anos, 27 meses.
O seu marido pediu o divórcio, os filhos e as irmãs deixaram de falar com ela. Aí a solidão voltou, em força.
A viver numa prisão com poucas ocupações, começou a escrever: um diário para cada mês de detenção. E isso foi um processo de cura. De recordar dores – como a do aborto – mas de cura.
Entretanto já se casou novamente, com outro homem, e é avó.
Uma história de vida que já foi adaptada, no filme Jailbreak Lovers.