Espanha: êxodo urbano começou antes da pandemia (velocidade da internet ajuda)

Números do ano passado confirmam a tendência. Mais de metade das pequenas localidades registam aumento de população.

O êxodo rural é uma expressão que qualquer um de nós analisou, pelo menos, na escola, enquanto estudantes.

Em Portugal o fenómeno começou de forma significativa ainda no século XIX, com a população do interior atraída pelo crescimento da indústria no litoral, pelas melhores vias de comunicação e pelos terrenos mais férteis; e assim a mudar-se para as maiores cidades mais próximas do Oceano Atlântico.

No entanto, agora falamos em êxodo urbano: deixar as grandes cidades para viver em pequenas cidades ou em aldeias. Um conceito acentuado pela pandemia – trabalhar a partir de qualquer lugar facilitou esta mudança.

Em Espanha, a tendência começou dois anos antes de a pandemia ter “fechado” o país: em 2018, indica a RTVE, com dados do Instituto Nacional de Estatística de Espanha.

Nos últimos quatro anos, mais de 220 mil novos habitantes recensearam-se em localidades espanholas com menos de 5 mil habitantes (que tinham perdido 100 mil pessoas nos seis anos anteriores). E metade desses novos habitantes vivia em cidades.

Obviamente a COVID-19 ajudou e acelerou esta transição: só em 2020, 95 mil pessoas passaram a viver em pequenas localidades e, no ano passado, mais 57 mil espanhóis fizeram o mesmo.

Mas esta parece ser uma tendência a longo prazo. Olhando para o futuro, para as próximas gerações, o crescimento de jovens é evidente: nas localidades com menos de 5 mil habitantes, metade dos seus novos habitantes tem menos de 35 anos.

A velocidade da internet facilita a mudança de jovens para aldeias ou pequenas localidades. Espanha está no topo da Europa no que diz respeito à velocidade da internet em meios rurais: 90% têm mais de 30 megas por segundo e 65% das localidades têm banda larga ultra-rápida.

Com este êxodo urbano, 62% dos núcleos rurais fecharam o ano passado com mais habitantes do que tinham no ano anterior. As localidades situadas nos arredores das cidades ganharam ainda mais: 81% dessas terras têm agora mais população.

ZAP //

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